Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 8 de junho de 2016

A Mobilidade Urbana na Belíndia

A Mobilidade Urbana na Belíndia
Moro no Papicu, entre o Rio Mar e a avenida Alberto Sá, portanto, moro onde moram muitos. Nesta manhã, por volta das 7:00 horas, nossa secretária foi assaltada no trajeto de duas quadras que separam a parada do ônibus do prédio em que resido. O marginal subtraiu-lhe celular e carteira com documentos, incluindo cartão da assistência médica do qual precisaria hoje para um exame, bem como quantia em dinheiro para custear parte dito exame, que seu plano, barato e limitado, não cobre por total. Este não foi o primeiro assalto que sofreu e lamento dizer que dificilmente será o último. Ela já foi assaltada, inclusive, dentro do coletivo mais de uma vez.
O direito de ir e vir - e em segurança - faz parte das liberdades individuais do cidadão brasileiro. Meus filhos, quando adolescentes, passaram a querer usufruir desse direito, queriam uma liberdade um pouco distante da vista dos pais. Ambos sofreram assaltos e tiveram de recuar, agradecendo nossa boa vontade (dos pais) em deixá-los e apanhá-los aonde quisessem ir. Dezoito anos completados, não teve jeito, carro na mão para cada um, mesmo que as posses da família não comportassem com conforto tais despesas.
Mobilidade urbana na moda, tenta-se transformar várias cidades do país em cidades do primeiro mundo, onde a educação e cultura permitiram que se atingisse um estado de bem estar social estável e tranquilo, com uma infraestrutura de serviços à população consolidada e eficiente. Aqui, se não criminalizaram (ainda) o uso do carro particular, recriminam-no, mas como, se eu moro a duas quadras do mais novo big shopping da cidade e tenho de ir de carro sob pena de vir a ser assassinado nesse breve percurso?
Nos anos 80 usou-se muito a palavra "Belíndia" para designar o Brasil. Belíndia é uma mistura de Bélgica com índia, ou seja, desejava-se para o país o bem estar social da Bélgica, com a infraestrutura de uma Índia daquela época. A equação do equilíbrio social, obviamente, não fechou!
Hoje, pretende-se um monte de coisas bacanas, sem sequer explicar ao cidadão como o Estado pretende bloquear ligações de celulares a partir de presídios, evitando que chefões presos continuem mandando no crime organizado de dentro das penitenciárias. Então, antes de se falar em mobilidade urbana e coisas do gênero, deve-se falar em segurança pública e todos os fatores que exercem influência sobre a disseminação do crime e da violência no seio de nossa sociedade. Caso contrário, sugiro mudarmos definitivamente de Brasil para Belíndia e fim. Tudo resolvido!
Altino Farias

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