Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

domingo, 14 de abril de 2013

Chás.com


Pedro Henrique Saraiva Leão
(Presidente da Academia Cearense de Letras)


       Um certo Dr. Richard Evan Schultes, diretor do Museu Botânico da Universidade Harvard afirmou: As drogas do futuro crescem na floresta primeva. Referia-se à floresta amazônica, onde pesquisou por 13 anos (Revista Time, 26/8/1985). Realmente, das matas vieram, entre outros remédios, a quinina (antimalárico), a digital (para cardiopatias), a pervinca – ou congossa – utilíssima na leucemia infantil e em alguns casos de câncer. Modernamente, entraram no mercado farmacêutico a Mentha piperita e a Boswellia serrata, empregadas no tratamento do cólon irritável, e das colites. Para os que não leram (ainda) Os Sertões – ou não lembram-se – Euclides da Cunha denominou a selva amazônica “o último capítulo do Gênesis”.
       Grande parte do espólio farmacêutico rústico, caseiro, no Nordeste do Brasil provém de plantas assim usadas, como fitoterápicos.
       Sua história e suas estórias vêm de longe, desde os primeiros “rizotomistas” (cortadores de raízes), ou raizeiros, remontando ao nascimento do Império Romano.
       Tudo começou com o cirurgião do Imperador Nero, Dioscórides, o qual estudou cerca de 600 plantas de vários países e as descreveu em um herbário. Assim criou-se o que hoje chamamos matéria médica, os materiais da medicina contava com mais de 190 plantas até 1968. entre os fitoterápicos sobressaem as folhas terapêuticas, os chás. Estes podem ser consumidos por várias vias: oral (infusões, ou decoctos), tópica, gargarejos e bochechos, banhos-de-assento, inalação ou cataplasmas.
       Entre estes os chás mais consumidos são os de agrião (Lavandula officinalis), de boldo (Peumos boldus), de ervas (doce; cidreira; mate), carqueira (Barcharis trimera), camomila (Matricaria chamomilla), capim santo (Cymbopogon citratus), espinheira – santa (Maytenus ilicofolia), laranjeira (Citrus auranteum), macela (Egletis viscosa), eucalipto (Eucalyptus tereticornio), etc.
       Contudo de nenhum herbário conhecido consta um tipo especial de chá, também não prescrito e sim imposto por alguns médicos: o chá-de-cadeira!
       Batizemo-lo em latim: seria o Thea sellaris?
       Ilustrando com alguns exemplos de chá de cadeira, há pouco nos disse uma senhora ter tido uma consulta marcada às 10h30m, e sido atendida às 16h30m (seis horas após!) O mesmo chá sorveu outro amigo, das 17h às 23h!
       Aliás, a bula deste chá recomenda toma-lo lentamente por 2-6 horas, acompanhando-se a ingestão com a leitura de revistas e jornais velhos, ao som de telenovelas.
       É conhecido, e também amargo “chá-teação”!   
      

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