Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Enamorados de Drummond

Enamorados de Drummond

Prezado Jornalista VICENTE ALENCAR
Um trabalho bem humorado (não necessariamente sobre o Dia dos Namorados, o nosso tradicional 12 de junho) mostrando casais apaixonados clicados nas ruas de Botafogo, Copacabana e Laranjeiras, no Rio, entre 2012 e 2014. São muitas as demonstrações públicas de carinho e afeto, livres e espontâneas, sem falso puritanismo. Entremeadas com expressivas imagens - também captadas na urbe -, de flores, dizeres em grafites e cartazes, as fotos compõem um interessante mosaico romântico, em um flerte sensual com a contemporaneidade.
Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), mineiro de Itabira (a quem dedico o vídeo), disse, em “Declaração de Amor – Canção de Namorados” (livro de 27 poemas selecionados pelos netos Pedro Augusto e Luís Maurício) que o Dia dos Namorados para ele era todo dia: não havia dias determinados para se amar noite e dia.
Já outro luminar de nossas letras, o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912 – 1980), pernambucano do Recife, afirmava que “todo amor é eterno; se o amor acabou é porque não era amor”.
Embalando o clima de romantismo, o pianista Richard Clayderman interpreta “Plaisir D’Amour” (Chaubeaussière/Martini/Claris, em arranjo de O. Toussaint/G. Salesses), “Love Me Tender” (Poulton/Darby/Matson/Presley), “Love Is Blue” (Popp/Cour/Mauriat/Blackburn) e “Till” (Lupi/Buisson/Denvers/Sigman).
Para os que gostam de pesquisa, no Brasil o Dia dos Namorados é uma data comemorativa de caráter comercial. Historicamente sua origem remonta a frei Fernando de Bulhões (1191 – 1231), português nascido em Pádua, que enfatizava nas pregações religiosas o valor do amor e do casamento. Em virtude disso, Antônio de Lisboa (ou Antônio de Pádua), que viveu na virada da Idade Média em Lisboa, recebeu fama de ser um “santo casamenteiro” após sua canonização pela Igreja Católica.
Véspera do Dia de Santo Antônio (“O Casamenteiro”), 13 de junho, escolheu-se o dia 12 para a habitual manifestação de troca de cartões, flores, presentes e lembranças entre os apaixonados. A ideia partiu do publicitário João Dória (1919 – 2000), um baiano de Salvador, da agência Standard Propaganda, em São Paulo, contratado em 1949 pela direção da loja “A Exposição Clipper” para criar alguma coisa que impulsionasse as vendas, sempre em queda durante o mês que precede as férias escolares de julho. O mote da campanha expressava a ideia de que nem só de beijos vivia o amor, ou que um verdadeiro amor não se provava apenas com beijos. O modismo iria pegar mesmo somente dez anos depois.
Mas eu concordo plenamente com mestre Drummond: “O dia dos Namorados/ para mim é todo dia./ Não tenho dias marcados/ para te amar noite e dia. // O dia 12 de junho,/ como qualquer outro, diz/ (e disso dou testemunho)/ que contigo sou feliz.”
Atenciosamente,
FERNANDO MOURA PEIXOTO (ABI 0952-C)

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