Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

domingo, 22 de dezembro de 2013

O PERDÃO Sylvia Leão

O PERDÃO

Sylvia Leão


Faltam cinco dias! 
O Pequenino Eterno se esconde no Ventre feminil do tempo, 
quase amadurecido. 
A natureza ainda borda com o humano cerzir 
as vestimentas do Invisível. 
O Logos se amolda em um corpúsculo infante 
e a ressurreição é contida 
em centímetros de manjedoura. 
Será à noite, suponho... 
E a Peregrina bendita já se põe a gemer 
no parto comum- o do Mistério. 
Tal todo primogênito escapulido das entranhas, 
Ele nasce para o mundo 
espantado, faminto e frágil! 
Os arfares da Virgem parturiente 
agitam as mulheres da vizinhança, 
que acodem com cuidares comuns 
o Incomum. 
A água quente, as faixas, as toalhas limpas 
são acalmadas, após os suores e as forças, 
da santa expulsão- tão natural! 
Da placenta do eterno 
O perdão resplende, enfim, 
naquela miúda Face- 
sempre tão esquecida
das nossas traquinagens 
no tempo!

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