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Vicente Alencar

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Hospital Universitário realiza primeira cirurgia para tratamento de um tipo de câncer no peritônio


Hospital Universitário realiza primeira cirurgia para tratamento de um tipo de câncer no peritônio

A dor um pouco acima da virilha em fevereiro passado parecia indicar uma apendicite para o almoxarife e fisiculturista Marcos Rodrigues de Paiva, de 35 anos. Exames, consultas, muitos estudos e uma cirurgia de avaliação meses depois constataram algo mais sério: carcinomatose peritoneal, um tipo de câncer no peritônio, membrana que recobre os órgãos localizados no abdômen.

Mas graças ao empenho do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará, e da equipe multidisciplinar comandada pelo médico Marcelo Leite, do Serviço de Cirurgia Oncológica do Hospital, foi possível realizar a primeira cirurgia para o tratamento da carcinomatose peritoneal no HUWC. Com isso, a unidade hospitalar passa a oferecer o serviço de forma regular como modalidade terapêutica via Sistema Único de Saúde (SUS).

Marcelo Leite (foto em anexo), que também é professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFC, explica que a carcinomatose peritoneal é uma condição de difícil tratamento com os métodos tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia. "Porque o peritônio é uma membrana, não é um órgão vascularizado, o que impede a quimioterapia. Por exemplo, se você tem uma metástase dentro de um órgão sólido, é mais fácil tratar com a quimioterapia. E para a radioterapia, é complicado também porque fica difícil delimitar a área", explica sobre a dificuldade de combater a doença com as medidas tradicionais de tratamento do câncer.

Ainda de acordo com o especialista, esse cenário foi uma realidade durante décadas. Mas houve uma mudança de paradigma com a introdução da técnica que, agora, o HUWC está oferecendo a partir da cirurgia de Marcos.

FASES DA TÉCNICA – A técnica consiste em duas fases: cirúrgica, chamada cirurgia citorredutora, na qual é retirada toda a lesão visível. Procedimento que pode chegar a até 12 horas de duração, dependendo da extensão da lesão.

"Esse procedimento normalmente envolve múltiplas ressecções viscerais, ou seja, de retirada de parte de órgãos. Há cirurgias nas quais é preciso retirar, por exemplo, partes do estômago, intestino delgado, cólon, reto e vesícula biliar, a cápsula do fígado e todo o peritônio que envolve esses órgãos". O médico informa que todo esse esforço é feito porque, quanto mais se aproximar da ressecção completa, melhor o prognóstico para o paciente.

Mesmo a retirada da lesão se aproximando da situação ideal, ainda permanecem resíduos microscópicos. Aí, entra a segunda fase do procedimento, que é a quimioterapia intraperitoneal com hipertermia, iniciada imediatamente, no mesmo ato cirúrgico, para esterilizar o que não foi possível ser retirado na citorredutora, por estar numa localização vital.

Com um equipamento específico, a solução de quimioterápicos de cerca de um litro e meio é aquecida a uma temperatura de 42°C e infundida na cavidade abdominal em circuito de perfusão por, aproximadamente, duas horas. Ou seja, a solução roda no equipamento, que a aquece, e volta para a cavidade. Quando concluído esse processo, a cavidade é submetida a uma lavagem para a retirada completa da solução quiomioterápica, e a cirurgia é concluída.

REDE PÚBLICA – São poucas as instituições públicas no Brasil que ofertam esse tipo de serviço, como o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Aqui no Ceará, não há registro de realização desse tipo de procedimento como modalidade terapêutica regular nos hospitais públicos do Estado, exceto os casos realizados por força de liminar. "No nosso caso aqui, foi um entendimento da instituição de que era importante", garante Marcelo Leite.

Além da aquisição do equipamento para a quimioterapia intraperitoneal com hipertermia, o HUWC conta com uma vantagem extremamente importante tanto para o intra como para o pós-operatório: o manejo do paciente. "Contamos com uma equipe multidisciplinar, que envolve oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, anestesiologistas, intensivistas e clínicos, que trabalham em conjunto para que esse paciente não só faça o tratamento como saia vivo desse procedimento de grande porte", pontua o cirurgião.

O médico alerta também que esse não é um tratamento que se indique para qualquer carcinomatose peritoneal. "O paciente precisa ser bem selecionado, ou seja, tem de ser avaliado por um especialista para saber se há indicação, como em qualquer outro procedimento. Existe um índice de carcinomatose peritoneal que nos orienta quando deve ou não ser feito esse procedimento", acrescenta. Também não há evidências para todos os tipos de câncer.

Recuperando-se bem da cirurgia de alta complexidade, Marcos já faz planos pensando na alta hospitalar. "Não vejo a hora de rever meus filhos, principalmente a mais nova, porque não pôde vir me visitar. Quero voltar a trabalhar, ficar perto da minha família e disputar meu primeiro campeonato de fisiculturismo, modalidade 63 kg", planeja, emocionado.

Para entrar em contato com o Ambulatório de Cirurgia Oncológica do Hospital Universitário Walter Cantídio, basta ligar para (85) 3366 8374.

Fonte: Unidade de Comunicação Social do Complexo Hospitalar da UFC-Ebserh – fone: 85 3366 8183


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