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Vicente Alencar

sábado, 9 de agosto de 2014

Sesi banca hípica frequentada por presidente da entidade

Sesi banca hípica frequentada por presidente da entidade

Dinheiro que deveria qualificar trabalhadores é usado para patrocinar os cavaleiros amigos do neto do sindicalista Jair Meneguelli – e o dinheiro é repassado por intermédio de uma ONG de vôlei

MURILO RAMOS
08/08/2014 19h36 - Atualizado em  08/08/2014 19h59


Jair Meneguelli  (Foto: Reprodução)
Nas manhãs de sábado, o presidente do Sesi, Jair Meneguelli, costuma fumar charuto e beber cerveja gelada debaixo de uma das árvores frondosas da Hípica Nashville, em Piracaia, a 80 quilômetros da capital paulista. Meneguelli, ou “Menega”, como é conhecido pela comunidade da hípica, acompanha de lá os saltos de um de seus netos. O menino monta o cavalo Lord List. Menega é popular na Nashville. Recentemente, organizou uma festa junina em sua chácara de Atibaia, cidade vizinha a Piracaia, para confraternizar com saltadores e familiares. O arraial contou com sorteio de mimos, tais como cobertores e aparelho de fondue - e até um bingo com apostas que chegaram a R$ 200. Mas o que aproximou realmente Menega da turma da hípica foi um patrocínio para bancar despesas dos jovens atletas – amigos de seu neto - com o transporte dos cavalos, passagens de avião para disputar competições e hospedagens pelo Brasil afora.
Nas manhãs de sábado, o presidente do Sesi, Jair Meneguelli, costuma fumar charuto e beber cerveja gelada debaixo de uma das árvores frondosas da Hípica Nashville, em Piracaia, a 80 quilômetros da capital paulista. Meneguelli, ou “Menega”, como é conhecido pela comunidade da hípica, acompanha de lá os saltos de um de seus netos. O menino monta o cavalo Lord List. Menega é popular na Nashville. Recentemente, organizou uma festa junina em sua chácara de Atibaia, cidade vizinha a Piracaia, para confraternizar com saltadores e familiares. O arraial contou com sorteio de mimos, tais como cobertores e aparelho de fondue - e até um bingo com apostas que chegaram a R$ 200. Mas o que aproximou realmente Menega da turma da hípica foi um patrocínio para bancar despesas dos jovens atletas – amigos de seu neto - com o transporte dos cavalos, passagens de avião para disputar competições e hospedagens pelo Brasil afora.
Quem arca com boa parte desses gastos altos é um projeto do Instituto Amigos do Vôlei (IAV), com sede em Brasília e ligado a Leila Barros, atleta que defendeu a seleção brasileira de vôlei por anos sucessivos. Leila, que ganhou duas medalhas de bronze nas Olimpíadas de 1996 e 2000, é candidata à deputada distrital em Brasília pelo PRB. Acontece que a ONG de Leila recebe patrocínio de quem? Do Sesi, presidido por Menega. Ele está no cargo desde 2003. Foi nomeado pelo amigo e então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início da parceria, a ONG de Leila recebeu R$ 1,8 milhão para o projeto chamado “Salto para o Futuro”, que incentiva a formação de cavaleiros e amazonas. Fora do Distrito Federal, o projeto está concentrado em alunos da hípica de Piracaia (a 1000 quilômetros de Brasília), a mesma frequentada por Menega e sua família.
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Edson Fragnan (à esq.) e Jair Meneguelli  (Foto: Reprodução)
O coordenador do programa “Salto para o Futuro” em Piracaia é Édson Fragnan. Nas redes sociais, é possível vê-lo ao lado de Menega empunhando taças de champanhe em eventos sociais e na festa junina organizada pelo sindicalista. “Conheço o Édson da hípica. Ele me procurou dizendo que estava com dificuldades. Eu disse pra ele: você se vira. Não posso mexer nisso (patrocínio). Você entra no site e tem todas as explicações para você entrar com o projeto”, afirmou Menega.
Segundo o Instituto Amigos do Vôlei, Fragnan trabalhou como voluntário da ONG entre março de 2012 e abril de 2013. Foi contratado no mês passado. Um neto dele é beneficiado pelo programa. No mês de junho do ano passado, por exemplo, a ONG de Leila Barros gastou R$ 2.060 com os treinamentos e  a “guarda, tratamento, amestramento, embelezamento, alojamento e congêneres” do cavalo da criança. Outra criança contemplada é filho de um bem sucedido produtor de flores da região, que costuma jogar baralho com Menega. ÉPOCA conversou com um frequentador da hípica, que pediu para não ser identificado. Ele disse que todos que recebem o benefício pertencem à classe média ou classe alta de Piracaia e Atibaia. “O dinheiro deveria ser destinado a crianças carentes e não para quem pode pagar”, afirmou. “Manter um cavalo na Nashville é caríssimo.” Em junho do ano passado, a ONG chegou a comprar uma égua da raça andaluz brasileiro por R$ 50 mil. Uma das testemunhas do negócio foi Édson Fragnan.
Leila Barros (Foto: Francisco Cepeda e Léo Franco/AgNews)
Procurado por ÉPOCA, Meneguelli afirmou que jamais interferiu para que a ONG de Leila destinasse recursos para a hípica de Piracaia. Disse que os alunos beneficiados são escolhidos pela ONG e que seu neto nunca foi beneficiado com o programa. “Só se eu fosse o idiota dos idiotas”, disse. Meneguelli apresentou algumas notas fiscais para provar que despesas com o treinamento de seu neto e com o Lord List são pagos por ele e por sua família. Nas redes sociais, há fotos de Meneguelli e de seu neto exibindo camisetas do projeto “Salto para o Futuro”.
ÉPOCA procurou Leila Barros. Por meio de seu advogado, afirmou que ninguém pediu para alocar recursos em Piracaia. Disse que a escolha da hípica deve-se à sua qualidade e preço competitivo. “Ademais, convém mencionar que a hípica de Piracaia possui um dos melhores resultados de São Paulo, com títulos significativos que, evidentemente, são conquistados, não só pela competência dos atletas, mas também pela infraestrutura que este centro hípico disponibiliza”, afirmou.
Termo de concessão de auxílio financeiro firmado entre o SESI-CONSELHO NACIONAL e o INSTITUTO AMIGOS DO VOLEI (Foto: reprodução)
 
Fantasmas
Na edição da semana passada, ÉPOCA publicou reportagem sobre auditoria da Controladoria Geral da União que verificou a existência de funcionários fantasmas no Conselho Nacional do Sesi e a presença de petistas no quadro de servidores. Entre eles está a nora do presidente Lula, Marlene Araújo Lula da Silva, que ganha R$ 13,5 mil e raramente aparece no escritório paulista do Conselho Nacional do Sesi. Já a mulher do mensaleiro João Paulo Cunha, Márcia Cunha, que deveria estar na sede do Sesi em Brasília, foi flagrada em sua casa em Osasco em pleno horário de trabalho. Ela recebe um salário de R$ 22 mil.
Na próxima semana, o líder do Solidariedade na Câmara dos Deputados, Fernando Franscischini (SDD-PR), vai protocolar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CCF) um requerimento pedindo a convocação do presidente do Sesi, Jair Meneguelli, de Marlene Araújo Lula da Silva e de Márcia Cunha para prestar esclarecimentos. “É obrigação do Sesi dar satisfação para os trabalhadores do País sobre toda essa farra que o PT promove na entidade. Dinheiro que deveria ser utilizado na capacitação dos trabalhadores e trabalhadoras da indústria está indo diretamente para o bolso de petistas”, diz Francischini.

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