Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A AÇUDAGEM QUE NÃO SEDENTA NA SECA

A AÇUDAGEM QUE NÃO SEDENTA NA SECA

Vejo que não vai ser fácil encontrar utilidade e serventia para a água do açude Castanhão tendo em vista o baixo nível topográfico do seu espelho d´água em relação às cidades que poderia abastecer. Parece ficar provado, que o  investimento na construção deste açude foi mal avaliado.
Didymo Borges
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AÇUDE CASTANHÃO: PROJETO SEM RESPOSTA
Cássio Borges (*)
A continuar com a política de recursos hídricos do Estado do Ceará, há 28 anos estabelecida por sua Secretaria de Recursos Hídricos em relação à questão da seca, acho que tão cedo não vamos chegar a lugar nenhum. O Açude Castanhão é um exemplo. Qual a sua contribuição para minorar os efeitos da seca neste ano de 2013? Ele foi previsto com esteobjetivo, pois naquela época nem se falava em Porto do Pecém, visto que o carro-chefe era a irrigação de 75.000 hectares na Chapada do Apodi.
Também não se falava em refinaria ou siderúrgica. Nas três Audiências Públicas do Conselho Estadual do Meio Ambiente-COEMA, nas década de 80 e 90, onde se discutia a viabilidade técnica, econômica e social do Açude Castanhão diziam os seus defensores que “O Açude Castanhão vai resolver o problema da falta de água não só no Estado do Ceará, como em todo o Nordeste”. O Castanhão era o “pulmão” do Rio Jaguaribe. O Governo do Estado, por outro lado, na televisão, mostrava de hora em hora, um mapa do Ceará com a água correndo em todas as direções e regiões e nos chamados “anéis d´agua”, “cinturão das águas”, “caminho das águas” e outras denominações românticas, que nos induziam apensar no bonito e no belo... sem nada a ver com a engenharia. Vinte e oito anos depois será que os idealizadores e promotores desse empreendimento tinham razão no marketing que faziam para justificar a sua construção? A seguir, a título de reflexões, cito alguns casos em que o Açude Castanhão poderia (?) resolver o problema da falta de água, deixando o leitor tirar suas próprias conclusões: A cidade de Canindé, distante de Fortaleza cerca de 90 km, poderá faltar água se não chover no próximo ano. Ela está a cerca de 130 km do Açude Castanhão. Sua altitude é de 148 metros, portanto num plano superior a esse reservatório que foi construído na cota 50m, praticamente ao nível do mar. Entretanto, considere-se que seu nível de regularização é a cota 100m, acumulando 4,5 bilhões de metros cúbicos de água. Para levar água daquele reservatório para aquela cidade, teria que haver um bombeamento a partir do seu espelho d`agua máximo, da ordem de 48 metros de altura topográfica seguido de um canal adutor contra a declividade de 130 km de extensão, aproximadamente. A mesma solução poder-se-ia dizer de Quixadá, que está numa altitude de 189 m. Neste caso, a altura de bombeamento seria da ordem de 89 metros topográficos e um canal de, aproximadamente, 100 km.
Uma cidade que está prestes a faltar água é a de Crateús que está na cota 281,8m. Neste caso, o bombeamento seria da ordem de 181,8 metros e um canal adutor da ordem de 250 km. Por fim, a cidade de Tauá na cota 402,0 m, a altura do bombeamento seria da ordem de 302 metros. O canal, ou a tubulação, em torno dos 330 km de extensão. Qual a conclusão do leitor?
Independente do que o leitor possa concluir, a meu julgamento o Estado do Ceará tem muita água armazenada porém sem possibilidade técnica e econômica de ser utilizada pelo menos no que se refere ao Açude Castanhão.
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(*) Cássio Borges é engenheiro civil

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