Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

TRAJETÓRIA JORNALÍSTICA- 1962 a 1969. João Soares Neto

 TRAJETÓRIA JORNALÍSTICA- 1962 a 1969. João Soares Neto
                                                           “A escrita é a língua da alma”. Cervantes
O fato: recebi, em 1962, do intelectual, jornalista e industrial Eduardo Campos, Superintendente dos Diários Associados, maior grupo de comunicação do Brasil, a incumbência de substituir a Pedro Henrique Saraiva Leão na coluna diária “Informes Acadêmicos”, no Jornal Correio do Ceará.
Nesse tempo, os Diários Associados, no Ceará, era composto da pioneira PRE-9 -Ceará Rádio Clube (hoje, Rádio Clube-AM), da TV Ceará-Canal 2, e dos jornais “Unitário”, matutino, e “Correio do Ceará”, vespertino.  A coluna “Informes Acadêmicos” durou bem mais de um ano.
Em seguida, outra missão de Eduardo Campos. Nova coluna: “Administração&Negócios”. Nesse mesmo tempo fui correspondente da Carta Econômica do Nordeste, do Recife, e escrevi alguns textos para o programa “Fortaleza, preto e branco”, na TV Ceará. A pesquisadora Walda Weyne resgatou parte dos escritos.
 Os jornais eram na Rua Senador Pompeu, no centro. No nível da entrada ficava a administração; em seguida, o espaço da redação com mesas e máquinas de escrever. Do meio em diante funcionavam as oficinas. Era tempo da composição a chumbo quente em linotipo ( ‘A line of type’, máquina criada em 1884, em Baltimore, EUA, por Ottmar Mergenthale).
A História: O “Correio do Ceará” fora fundado por Álvaro da Cunha Mendes, em 02 de março de 1915. Nesse ano ocorreu uma das maiores secas do Ceará, transformando Fortaleza em cidade sitiada, com medo de ataques e contaminação por flagelados. Criaram-se  abrigos(“campos de concentração”, no dizer de Rachel de Queiroz, no romance “O Quinze”, 1930), meros depósitos de gente, o principal deles no então bairro do Alagadiço.
 A.C. Mendes era  independente e, em consequência, foi, anos depois, preso no 23º. Batalhão de Caçadores- que ficava na atual 10ª. Região Militar-  ao denunciar falcatruas  na  IFCOS, Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, criada em 1919, depois transformado em DNOCS.
Mesmo assim, Mendes manteve  o jornal até 1937, quando o transferiu para os Associados, comandado por (Francisco de) Assis Chateaubriand (Bandeira de Melo), paraibano, formado em Direito em Recife. Logo se transferiu para o Rio e inovou a imprensa, criando, anos depois, um Condomínio nacional  de comunicação. Foi incentivador das artes plásticas,  da criação de museus e  até Embaixador em Londres.
 O Poder: O condomínio compartia o poder no Ceará entre Eduardo Campos e Paulo Cabral. Paulo dirigia e era  bom locutor da PRE-9. Cresceu, em popularidade,  ao encabeçar  campanha e angariar mantimentos para flagelados da seca de 1950. Daí conseguiu ser eleito prefeito de Fortaleza- entre janeiro de 1951 e março de 1955. Em seguida, deputado estadual, mas Chateaubriand o arrebatou para  Minas com jurisdição até Brasília consolidando os Associados ou rede Tupi.
 Em 1970, em choque com o Governo Militar, a Rede Tupi, perde força. Consolida-se, a partir daí, a hegemonia da Rede Globo, da família Marinho, dona do   O Globo, desde 1925.
O Quase epílogo: fiquei no Correio do Ceará até 22 de agosto de 1969, quando escrevi o artigo “O 5º. Aniversário do BNH no Ceará”.  Ao final, destaco: “Este balanço que fazemos a guisa de esclarecimento demonstra que cerca de 80 bilhões de cruzeiros velhos foram carreados pelo Ceará em apenas três anos, provocando um surto animador na economia cearense, isto sem falar no número de moradias entregues para pagamento a longo prazo”.
Começava eu nova fase profissional. Deixava o batente de jornalista. Nem por isso parei de escrever, como o faço todas as sextas neste O Estado-Ce. Há décadas, aos domingos, no Diário do Nordeste. Centenas desses artigos foram aos blogs “Amigos do Livro” e   “Carta Maior”. Hoje, são transcritos no Jornal do Ceará, Brasília, e em blogs de cultura.  

Este registro longo, admito,  se fez necessário, por sua cronologia. Desculpas.

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