Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 2 de abril de 2015

AOS CANALHAS QUE QUEREM DESTRUIR A PETROBRAS

> AOS
> CANALHAS QUE QUEREM DESTRUIR A PETROBRAS

> O
> jornalista Mauro Santayanna, um dos mais experientes do
> País, publicou um
> importante artigo sobre a campanha de desmoralização da
> Petrobras; "É
> preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial,
> rasteira, e odiosa, da
> Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas
> no âmbito da
> corrupção, especulação esta que não é apenas
> econômica, mas também
> política", alerta; "A Petrobras não é apenas
> uma empresa. Ela é uma
> Nação. Um conceito. Uma bandeira. E por isso, seu valor é
> tão grande, incomensurável,
> insubstituível", afirma; "Esta é a crença que
> impulsiona os que a
> defendem. E, sem dúvida alguma, também, a abjeta
> motivação que está por trás
> dos canalhas que pretendem destruí-la"; leia a
> íntegra de um texto
> antológico

>  

> 3
> DE FEVEREIRO DE 2015 ÀS 08:00

> Por
> Mauro Santayanna

> O
> adiamento do balanço da Petrobras do terceiro trimestre do
> ano passado foi um
> equívoco estratégico da direção da companhia, cada vez
> mais vulnerável à
> pressão que vem recebendo de todos os lados, que deveria,
> desde o início do processo,
> ter afirmado que só faria a baixa contábil dos eventuais
> prejuízos com a
> corrupção, depois que eles tivessem, um a um, sua
> apuração concluída, com o
> avanço das investigações. 

> A
> divulgação do balanço há poucos dias, sem números que
> não deveriam ter sido
> prometidos, levou a nova queda no preço das ações. E,
> naturalmente, a novas
> reações iradas e estapafúrdias, com mais especulação
> sobre qual seria o valor —
> subjetivo, sujeito a flutuação, como o de toda empresa de
> capital aberto
> presente em bolsa — da Petrobras, e o aumento dos ataques
> por parte dos que
> pretendem aproveitar o que está ocorrendo para destruir a
> empresa — incluindo
> hienas de outros países, vide as últimas idiotices do
> Financial Times – que
> adorariam estraçalhar e dividir, entre baba e dentes, os
> eventuais despojos de
> uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.

> O
> que importa mais na Petrobras? O valor das ações,
> espremido também por uma
> campanha que vai muito além da intenção de sanear a
> empresa e combater
> eventuais casos de corrupção e que inclui de apelos, nas
> redes sociais, para
> que consumidores deixem de abastecer seus carros nos postos
> BR; à aberta
> torcida para que “ela quebre, para acabar com o
> governo”; ou para que seja
> privatizada, de preferência, com a entrega de seu controle
> para estrangeiros,
> para que se possa — como afirmou um internauta —
> “pagar um real por litro de
> gasolina, como nos EUA”?

> Para
> quem investe em bolsa, o valor da Petrobras se mede em
> dólares, ou em reais,
> pela cotação do momento, e muitos especuladores estão
> fazendo fortunas, dentro
> e fora do Brasil, da noite para o dia, com a flutuação dos
> títulos derivada,
> também, da campanha antinacional em curso, refletida no
> clima de “terrorismo” e
> no desejo de “jogar gasolina na fogueira”, que tomou
> conta dos espaços mais
> conservadores — para não dizer golpistas, fascistas, até
> mesmo por conivência —
> da internet. Para os patriotas, e ainda os há, graças a
> Deus, o que importa
> mais, na Petrobras, é seu valor intrínseco, simbólico,
> permanente, e
> intangível, e o seu papel estratégico para o
> desenvolvimento e o fortalecimento
> do Brasil.

> Quanto
> vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, em
> nossa geração, foram
> para as ruas e para a prisão, e apanharam de cassetete e
> bombas de gás, para
> exigir a criação de uma empresa nacional voltada para a
> exploração de uma das
> maiores riquezas econômicas e estratégicas da época, em
> um momento em que todos
> diziam que não havia petróleo no Brasil, e que, se
> houvesse, não teríamos,
> atrasados e subdesenvolvidos que “somos”, condições
> técnicas de explorá-lo?

> Quanto
> vale a formação, ao longo de décadas, de uma equipe de
> 86.000 funcionários,
> trabalhadores, técnicos e engenheiros, em um dos segmentos
> mais complexos da
> atuação humana?

> Quanto
> vale a luta, o trabalho, a coragem, a determinação
> daqueles, que, não tendo
> achado petróleo em grande quantidade em terra, foram
> buscá-lo no mar, batendo
> sucessivos recordes de poços mais profundos do planeta;
> criaram soluções,
> “know-how”, conhecimento; transformaram a Petrobras na
> primeira referência no
> campo da exploração de petróleo a centenas, milhares de
> metros de profundidade;
> a dezenas, centenas de quilômetros da costa; e na mais
> premiada empresa da
> história da OTC – Offshore Technology Conferences, o
> “Oscar” tecnológico da
> exploração de petróleo em alto mar, que se realiza a cada
> dois anos, na cidade
> de Houston, no Texas, nos Estados Unidos?

> Quanto
> vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, ao
> longo da história da
> maior empresa brasileira — condição que ultrapassa em
> muito, seu eventual valor
> de “mercado” — enfrentaram todas as ameaças à sua
> desnacionalização, incluindo
> a ignominiosa tentativa de alterar seu nome, retirando-lhe a
> condição de
> brasileira, mudando-o para “Petrobrax”, durante a
> tragédia privatista e
> “entreguista” dos anos 1990?

> Quanto
> vale uma companhia presente em 17 países, que provou o seu
> valor, na descoberta
> e exploração de óleo e gás, dos campos do Oriente Médio
> ao Mar Cáspio, da costa
> africana às águas norte-americanas do Golfo do
> México?

> Quanto
> vale uma empresa que reuniu à sua volta, no Brasil, uma das
> maiores estruturas
> do mundo em Pesquisa e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro,
> trazendo para cá os
> principais laboratórios, fora de seus países de origem, de
> algumas das mais
> avançadas empresas do planeta?

> Por
> que enquanto virou moda — nas redes sociais e fora da
> internet — mostrar
> desprezo, ódio e descrédito pela Petrobras, as mais
> importantes empresas
> mundiais de tecnologia seguem acreditando nela, e querem
> desenvolver e
> desbravar, junto com a maior empresa brasileira, as novas
> fronteiras da
> tecnologia de exploração de óleo e gás em águas
> profundas?

> Por
> que em novembro de 2014, há apenas pouco mais de três
> meses, portanto, a
> General Electric inaugurou, no Rio de Janeiro, com um
> investimento de 1 bilhão de
> reais, o seu Centro Global de Inovação, junto a outras
> empresas que já
> trouxeram seus principais laboratórios para perto da
> Petrobras, como a BG, a
> Schlumberger, a Halliburton, a FMC, aSiemens, a Baker
> Hughes, a Tenaris Confab,
> a EMC2 a V&M e a Statoil?

> Quanto
> vale o fato de a Petrobras ser a maior empresa da América
> Latina, e a de maior
> lucro em 2013 — mais de 10 bilhões de dólares —
> enquanto a PEMEX mexicana, por
> exemplo, teve um prejuízo de mais de 12 bilhões de
> dólares no mesmo período?

> Quanto
> vale o fato de a Petrobras ter ultrapassado, no terceiro
> trimestre de 2014, a
> EXXON norte-americana como a maior produtora de petróleo do
> mundo, entre as
> maiores companhias petrolíferas mundiais de capital
> aberto?

> É
> preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial,
> rasteira, e odiosa, da
> Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas
> no âmbito da
> corrupção, especulação esta que não é apenas
> econômica, mas também política. A
> PETROBRAS teve um faturamento de 305 bilhões de reais em
> 2013, investe mais de
> 100 bilhões de reais por ano, opera uma frota de 326
> navios, tem 35.000
> quilômetros de dutos, mais de 17 bilhões de barris em
> reservas, 15 refinarias e
> 134 plataformas de produção de gás e de
> petróleo.

> É
> óbvio que uma empresa de energia com essa dimensão e
> complexidade, que, além
> dessas áreas, atua também com termoeletricidade,
> biodiesel, fertilizantes e
> etanol, só poderia lançar em balanço eventuais prejuízos
> com o desvio de
> recursos por corrupção, à medida que esses desvios ou
> prejuízos fossem “quantificados”
> sem sombra de dúvida, para depois ser — como diz o
> “mercado” — “precificados”,
> um por um, e não por atacado, com números aleatórios,
> multiplicados até quase o
> infinito, como tem ocorrido até agora.

> As
> cifras estratosféricas (de 10 a dezenas de bilhões de
> reais), que contrastam
> com o dinheiro efetivamente descoberto e desviado para o
> exterior até agora, e
> enchem a boca de “analistas”, ao falar dos prejuízos,
> sem citar fatos ou
> documentos que as justifiquem, lembram o caso do
> “Mensalão”. Naquela época,
> adversários dos envolvidos cansaram-se de repetir, na
> imprensa e fora dela, ao
> longo de meses a fio, tratar-se a denúncia de Roberto
> Jefferson, depois de ter
> um apaniguado filmado roubando nos Correios, de o “maior
> escândalo da história
> da República”, bordão esse que voltou a ser utilizado
> maciçamente, agora, no
> caso da Petrobras.

> Em
> dezembro de 2014, um estudo feito pelo instituto Avante
> Brasil, que, com
> certeza não defende a “situação”, levantou os 31
> maiores escândalos de
> corrupção dos últimos 20 anos. Nesse estudo, o
> “mensalão” — o nacional, não o
> “mineiro” — acabou ficando em décimo-oitavo lugar no
> ranking, tendo envolvido
> menos da metade dos recursos do “trensalão” tucano de
> São Paulo e uma parcela
> duzentas menor que a cifra relacionada ao escândalo do
> Banestado, ocorrido
> durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, em
> primeiríssimo lugar,
> envolveu, segundo o levantamento, em valores atualizados,
> aproximadamente 60
> bilhões de reais. E ninguém, absolutamente ninguém, que
> dizia ser o mensalão o
> maior dos escândalos da história do Brasil, tomou a
> iniciativa de tocar,
> sequer, no tema — apesar do “doleiro” do caso
> Petrobras, Alberto Youssef, ser o
> mesmo do caso Banestado — até agora.

> Os
> problemas derivados da queda da cotação do preço
> internacional do petróleo não
> são de responsabilidade da Petrobras e afetam igualmente
> suas principais
> concorrentes. Eles advém da decisão tomada pela Arábia
> Saudita de tentar
> quebrar a indústria de extração de óleo de xisto nos
> Estados Unidos, aumentando
> a oferta saudita e diminuindo a cotação do produto no
> mercado global. Como o
> petróleo extraído pela Petrobras destina-se à produção
> de combustíveis para o
> próprio mercado brasileiro, que deve aumentar com a entrada
> em produção de
> novas refinarias, como a Abreu e Lima; ou para a “troca”
> por petróleo de outra
> graduação, com outros países, a empresa deverá ser menos
> prejudicada por esse
> processo.

> A
> produção de petróleo da companhia está aumentando, e
> também as descobertas, que
> já somam várias depois da eclosão do escândalo. E, mesmo
> que houvesse prejuízo
> — e não há — na extração de petróleo do pré-sal,
> que já passa de 500.000 barris
> por dia, ainda assim valeria a pena para o país, pelo
> efeito multiplicador das
> atividades da empresa, que garante, com a política de
> conteúdo nacional mínimo,
> milhares de empregos qualificados na construção naval, na
> indústria de
> equipamentos, na siderurgia, na metalurgia, na
> tecnologia.

> A
> Petrobras foi, é e será, com todos os seus problemas, um
> instrumento de
> fundamental importância estratégica para o desenvolvimento
> nacional, e
> especialmente para os estados onde tem maior atuação, como
> é o caso do Rio de
> Janeiro. Em vez de acabar com ela, como muitos gostariam, o
> que o Brasil
> precisaria é ter duas, três, quatro, cinco Petrobras. É
> necessário punir os
> ladrões que a assaltaram? Ninguém duvida disso.


> Mas
> é preciso lembrar, também, uma verdade cristalina. A
> Petrobras não é apenas uma
> empresa. Ela é uma Nação. Um conceito. Uma bandeira. E
> por isso, seu valor é
> tão grande, incomensurável, insubstituível. Esta é a
> crença que impulsiona os
> que a defendem. E, sem dúvida alguma, também, a abjeta
> motivação que está por
> trás dos canalhas que pretendem destruí-la.

>  

> Mauro
> Santayana é um jornalista autodidata brasileiro. Prêmio
> Esso de Reportagem de
> 1971, fundou, na década do 1950, O Diário do Rio Doce, e
> trabalhou, no Brasil e
> no exterior, para jornais e publicações como Diário de
> Minas, Binômio, Última
> Hora, Manchete, Folha de S. Paulo, Correio Brasiliense,
> Gazeta Mercantil e
> Jornal do Brasil onde mantêm uma coluna de comentários
> políticos.Cobriu, como
> correspondente, a invasão da Checoslováquia, em 1968,
> pelas forças do Pacto de
> Varsóvia, a Guerra Civil irlandesa e a Guerra do Saara
> Ocidental, e entrevistou
> homens e mulheres que marcaram a história do Século XX,
> como Willy Brandt,
> Garrincha, Dolores Ibarruri, Jorge Luis Borges, Lula e Juan
> Domingo Perón.
> Amigo e colaborador de Tancredo Neves, contribuiu para a
> articulação da sua eleição
> para a Presidência da República, que permitiu o
> redemocratização do Brasil. Foi
> secretário-executivo da Comissão de Estudos
> Constitucionais e Adido Cultural do
> Brasil em Roma. 

>  

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