Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISTAS POETAS




  Nossos membros e convidados:


 OUVINDO O TEMPO
Vicente Alencar
(Da Academia Fortalezense de Letras)

Deixar de querer é impossível.
Nada me surpreende na vida.
Encontro-me a pensar.
Sozinho,
sorvo gota a gota,
a água límpida do copo transparente.
Tanto quanto minha dor
a fusão do bem querer
com a minha saudade.

Pensar é um exercício,
por certo, o mais solitário de todos.
Refletir é apenas retórica
quando o amor é uma fortaleza
que não se abate, não se acaba,
que domina todos os cantos da casa,
que conhece todos os meus passos,
o meu canto triste e os meus lamentos.

Deixo-me ficar a ouvir o tempo!
É um velho amigo que sempre está comigo.
Ajuda-me a pensar e tomar decisões.
A maioria delas com acerto.
Mas a presença constante
de tua ausência
me faz ficar perguntando porque.
E as respostas destoam da mais desejada
de todas, pois estás longe. Resta a dor!




NOITE DE CHUVA
FRANCISCO RAMOS
(Da SOBRAMES- CE)

Acordo. São três da madrugada.
Faz calor. Levanto-me devagarzinho...
No meio da noite a trovoada
Assusta e tira a meninada do ninho.

Agora já não me encontro sozinho;
A gurizada faz uma zorra danada!
Falta energia; já vem chegando Raminho
Reclamando da cama ser apertada...

Logo eles dormem. O dia amanhece.
No futuro cena igual acontece:
É madrugada. Chuva forte caía.

No mesmo quarto ninguém aparece...
Só uma lágrima de um rosto desce,
Silente, na noite de chuva vazia.


MORRER DE AMOR
Giselda Medeiros
(Da UBE-CE)

Deixa, amor, que eu repouse nos teus braços,
E durma um instante apenas neste braço.
Deixa que eu me sinta um pouco criança,
Para sonhar meus sonhos de esperança.

Deixa, amor, eu me aquecer ao teu regaço,
Tirar o enfado do meu corpo lasso.
Deixa, num instante só, as minhas âncias
Dormirem soltas, sem desesperanças.

Deixa, amor, pois, no corpo, eu sinto o frio
Da solidão agasalhar minha alma,
E tremo e choro e me suplicio.

E quanto mais eu tremo, maior a calma
Que encontrarei em ti, no teu regaço!
Deixa, amor, que eu morra, enfim, no teu abraço!


SUSPIROS
Yolanda Montenegro
(Da UBE-CE)

Para onde vais, suspiro meu
e a que vais?
Vens de tempos passados,
ou suspiras o futuro
ou estás a vagar?
Enche-me a alma
em seu constante arfar.
São mágoas que ficaram
no rol do esquecimento
ou anseios de mudar?
Vai, vai calmo que espero
o teu voltar.
Minha alma opressa
é a tua companheira
que alimenta o meu viver
e deixa-me a relembrar
ou a aguardar...
repete então o poeta
Pessoa a suspirar:
“Leva-me longe, meu suspiro fundo
além do que deseja e que começa
lá, muito longe e o viver se esqueça”.

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