Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

I.B.D.L 25 02 2013


INSTITUTO BRASILEIRO DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA
                    Fundado em 01 março de 2009
             Divulgando os valores de nossa Literatura

25.02.2013.

VÍTIMA
Poeta Vicente Alencar
Editor do Correio Literário

Abril de 2004.
Um homem desesperado
fica frente a frente
como Palácio da Alvorada.
Seu corpo sofre,
seu cérebro febrilmente 
trabalha
a procura de uma solução 
para sua falta de emprego.
Ele luta,
grita,
esperneia,
quer falar com o Presidente,
pedir-lhe o mínimo,
um simples emprego. 
Ninguém lhe dá ouvidos,
ninguém lhe ouve.
Ele não conhece regras
nem gabinetes.
Sabe apenas que o Presidente
um dia foi um homem do povo
igual a ele.
Foi enganado pela propaganda
gratuita que fala que todos 
são iguais.
Não consegue entrar em Palácio.
Não consegue fazer o pedido,
não consegue arranjar seu emprego.
João Antonio Andrade de Souza
se desespera.
Chega ao gesto maior. Imola-se.
Molha-se com álcool e risca o fósforo.
Um corpo cai, um corpo sofre,
um brasileiro, mais um, é vítima
do desespero, da falta 
de oportunidade. Chega ao fim.
Tem a morte como companheira.

PS. Em 2014 serão passados 10 
anos da morte de João Antonio 
Andrade de Souza, que suicidou-se 
em Brasília, em frente ao Palácio 
da Alvorada.


RECORDANDO
Poetisa Júlia Galeno (+)
(Da Casa de Juvenal Galeno).

Quando o conheci,
era uma criança grande,
bonita, bem criada,
criança educada. 
Rapaz forte, sadio. 
bem apessoado.

Não trata o frio
tão apregoado
da terra a que pertencia.
Olhar penetrante, 
doçura, alegria,
ternura de amante.
Entre o céu e entre o mar,
o seu doce olhar.
Perdida de amores, 
quis logo pescar
o peixinho dourado... 
Caiu apressado;
talvez sem querer,
sem mesmo saber...
Não era exigente
e nada pedia.
Parecia contente.
De mim recebia
tanto brinquedo, 
tanto presente,
que eu havia guardado
                anos a fio!..
O menino mimado
não era vadio,
não era estouvado: bom e amoroso. 
Um prestimoso
que nunca se cansa.
Dei-lhe para brincar
a minha esperança.
Esse brinquedo verde, 
bonito e vistoso, 
que quando se quebra
é ôco e duro como pedra.

Dei-lhe mais... muito mais:
o meu sonho melhor,
a minha mais doce ilusão.
E mais que tudo isto, 
dei-lhe inteiro o coração.

E o menino bonito,
bom, manso, tranquilo,
quebrou tudo aquilo
sem querer,
    nem mesmo saber...
Depois...
se pôs a chorar,
a remendar
o brinquedo quebrado,
sem corda, sem nada...

Não foi sua a culpa,
foi êsse segrêdo
que desde menino
se trás ao nascer
- o nosso destino!...
Rio de Janeiro, 1948.
PS. Nós divulgamos nossos valores.


 



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