Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sou um subversivo

Sou um subversivo
Data: 13/12/2015 20h00min54s

Por VALMIR PONTES FILHO, em 13 Dez 2015
Acusam-me de ser "golpista", como se eu estivesse a pegar em armas para derrubar um governo legítimo, sério, incorruptível e íntegro. Já me disseram, na internet, "Xô, Golpista", o que me fez pensar ser um galináceo da pior espécie.
Ainda muito jovem brandi impropérios contra uma cruel ditadura que sacrificava as liberdades democráticas e torturava os seus opositores. Escrevia e distribuía panfletos, impressos de modo precário, e corria da Polícia, quando em passeatas pelas ruas do Rio de Janeiro, onde morava e estudava. E também depois, aqui em Fortaleza.
Certa vez precisei me esconder no Crato, na casa do meu tio, pois fui avisado por um colega da Faculdade de Direito (na verdade, um agente da PF infiltrado que, para passar, me colava as provas), que eu deveria "sumir". Vi meu pai impedido de participar de um concurso para Professor Catedrático da nossa "Salamanca", pois que denunciado como perigoso subversivo por um então poderoso e prestigiado Procurador da República (que fez a seleção como candidato único).
Fui a ao primeiro Congresso de Direito Constitucional, como imberbe palestrante, em São Bernardo do Campo (vejam só!) e, por isso, restei-me fotografado a inscrito na lista "negra" (sem conotações racistas, por favor) do DOPS. Não me inibi de fazer parte do Centro Acadêmico e de me expor em tal condição, apesar das nuvens terríveis da perseguição ideológica.
Hoje, por verberar contra um governo corrupto e incompetente, que levou a Nação e seu povo à bancarrota e ao sofrimento, sou acusado de golpista. Essa Sra., que exerce a presidência foi eleita legitimamente? Sim, tanto quanto o foi o Presidente Collor, ora bolas. Legítimo também foi o Médici, cruel ditador, mas que nunca roubou nem deixou roubar e que era aplaudido de pé no Maracanã (em 1970). A Sra. Roussef tem talento e competência para o quê? Para presidir o Conselho da Petrobras, o País? Ou para mentir durante a campanha, a afirmar que tudo ia bem e que a tarifa de energia e o preço da gasolina iriam baixar? Tem sensibilidade política para receber uma carta pessoal do Vice-Presidente e tentar uma saída razoável para essa crise, ou divulgá-la irresponsavelmente? Respeito quem me critica e recebo as ofensas com humildade. Mas, a desdúvidas, sou a favor do impeachment. Tenho, a meu humilde juízo, razões políticas e jurídicas para tanto. Mas pergunto: onde estão os juristas que pensam igual a mim, que não se reúnem e se manifestam? Principalmente, onde estão os jovens, que não pintam as caras de novo e vão às ruas, quando outros (hoje já maduros) foram por conta de crimes que seriam, nos dias atuais, dignos de serem julgados por juizados de pequenas causas? Estou velho (em idade), mas com uma coragem juvenil enorme... Se eles forem, irei junto.
VALMIR PONTES FILHO é Advogado

Nenhum comentário: