O teatro de Eurípides, em seu maior momento, reflete a desestruturação social pela qual passa a polis e a democracia grega. Vinte e cinco séculos após, vivemos um momento de grande correlação histórica.
Tiranos não conhecem limites e possuem a empáfia tradicional dos guerreiros aristocratas, apesar de nada possuírem daquilo que os gregos denominavam de “aristoi”. “Na luta, o mais sábio é fazer mal aos inimigos sem escudar-se na tické, na sorte... O desejo tirano de matar é filho de sua própria covardia.”
A soberba e a brutalidade de Lico, o tirano, tenta impedir os velhos anciãos de se manifestem e os ameaça: “Recordeis que sois escravos de minha tirania”. Ordena, então, que tragam madeira e que queimem toda a família de Hércules no próprio altar de Zeus, onde haviam buscado guarita. Este é o princípio da tragédia denominada “Héracles”.
O autor transmite à polis a mensagem de que os tiranos são bárbaros, maus e tratam os homens como escravos. Não constituem solução para a decadência da democracia da pólis. O Coro dos anciãos tebanos responde à altura: “Não é sensata uma cidade pobre de rebeliões e de más decisões, ou jamais teria acolhido um déspota”.
No mundo euripidiano, reflexo do momento político e social de desagregação social, o caos, a incerteza, a instabilidade e imprevisibilidade da sorte se instalaram no universo que, outros antes dele, acreditavam unificado e harmonioso.
Convidamos à leitura de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/post/h%C3%A9rcules-de-eur%C3%ADpedes-o-desprezo-pelos-tiranos
Carlos Russo Jr.
Espaço Literário Marcel Proust
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