CHEIA
Neide
Freire
(Da ALMECE-CE)
Essas lembranças vêm de longe
Dos dias que se foram...
Era uma vez...
Um
rio imenso no apogeu da enchente!
Canoas! Ploc...ploc...de afoitos remos
Gritos de vareiros
Árvores caídas, galhos retorcidos
E o fragor assombroso do ruir de
ribanceiras...
E o rio, indômito, soberano, indiferente
Em fúria audaz a correr...
Depois,
minguada a estação das chuvas
Vencido o turbilhão da cheia
Tem alguém que se despede para não mais
voltar
Passa vagaroso o rio a murmurar
Sua queixa mais antiga
A caminho do mar...
Rio
Salgado, que desgosto
Na saudade
O sal de tuas águas desliza ainda em meu rosto!
Oh! Rio de minha infância,
Ficaste tão longe em minha vida,
Nem sabes dessa mágoa tão sentida
Nem supões a dor de recordar!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário