Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CHEIA Neide Freire



CHEIA
Neide Freire
(Da ALMECE-CE)
 Essas lembranças vêm de longe
Dos dias que se foram...
Era uma vez...
Um rio imenso no apogeu da enchente!
Canoas! Ploc...ploc...de afoitos remos
Gritos de vareiros
Árvores caídas, galhos retorcidos
E o fragor assombroso do ruir de ribanceiras...
E o rio, indômito, soberano, indiferente
Em fúria audaz a correr...
Depois, minguada a estação das chuvas
Vencido o turbilhão da cheia
Tem alguém que se despede para não mais voltar
Passa vagaroso o rio a murmurar
Sua queixa mais antiga
A caminho do mar...
Rio Salgado, que desgosto
Na saudade
O sal de tuas águas desliza ainda em meu rosto!
Oh! Rio de minha infância,
Ficaste tão longe em minha vida,
Nem sabes dessa mágoa tão sentida
Nem supões a dor de recordar!...

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