INQUIETAÇÃO
Sinésio Cabral
Vou vivendo hoje inquieto, alimentando um sonho
que não passa de um sonho. E, por isso, a cada hora,
sinto falta de espaço e um frêmito medonho
em meu apartamento. O tédio me devora.
Prende minha atenção todo o aspecto risonho
de uma manhã de sol, bonita e alegre, embora
haja sombra e torpor no aposento onde sonho
e carícias de luz contrastando lá fora.
É calmo o Pajeú. E que linda brancura
na paisagem de sol que a pena não descreve,
paisagem de esplendor, de lírios, de ternura!
E sempre o mesmo vulto a acenar-me, ao de leve,
uns longes da esperança e um pouco de ventura,
esperança que morre e ventura que é breve.
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