PAISAGEM
SINÉSIO
CABRAL
E o poema ficou perdido no caminho,
entre o lago tranqüilo e o denso matagal.
Em meio ao panorama, eu sofria sozinho
a indolência sem par de meu pobre animal.
E a fumarenta estrada, um abismo augural.
Verdadeira penumbra. Em redor, tudo espinho.
- Onde estava, meu Deus, a paisagem social.
Que eu deixaria a medrar na brancura do arminho?
Já noite. E não brilhava o Cruzeiro do Sul.
O clarão da queimada iluminava os campos,
e, longe, eu divisava a grande serra azul.
E, na desolação dessa paisagem nua,
peregrino, eu seguia em meio aos pirilampos,
sob o céu cor de chumbo, ensombrado, sem lua
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