ESTIAGEM
José Telles
(Da Academia Cearense de Letras)
Artefatos de memória
varam minha solidão,
verões sem calendário
surpreendem eras e auroras
lençóis d’água inda
cobrem ilusões da última ceia,
a copa das árvores pede sombra
e uma dor se acumula na estiagem,
o tempo descrimina covas e alcovas
e um medo temperado
alimenta vinhas que outrora eram minhas,
há fome e filhos
no útero postiço da minha’aldeia,
meus olhos poupam lágrimas
como rios temporários
e peitam o sol até virar paisagem,
só depois, sou passagem e morte.
Cauteloso, em velhas prateleiras,
Guardo versos de lembranças.
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