MELODIA SELVAGEM
Sinésio Cabral
Não
mais comporta a vida o sonho do Poeta
porque
o sonho do Poeta é, por vezes, banal.
Nem
sempre corresponde aos clarões que projeta
na
falsa perfeição do terceto final.
Mas
eu quero sonhar. Quero em minha alma inquieta
grandes
cintilações. Amo todo o estendal
de
belezas sem fim, que o Criador arquiteta,
sublimado,
talvez, no amor universal.
Se
eu pudesse viver, ao menos um instante,
sob
a plácida luz de uma frágil candeia,
na
quietude feliz de um casebre distante,
gostaria
de ouvir, por noite assim bizarra,
descortinando
longe o aspecto de uma aldeia,
na
paisagem fictícia, o canto da cigarra.
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