PESADELO
SINÉSIO CABRAL
Nem sei mais que dizer dessa imagem que sonho,
se de mim não se afasta um momento sequer.
Minha vida – esse abrolho, esse abismo medonho,
essa nesga de céu, essa linda mulher.
Teu retrato – um postal que contemplo risonho,
na ilusão de inda estar em pleno rosicler
esse amor que se foi. E os versos que componho,
hoje feitos, bem sei, para quem não me quer.
Chovendo. E o Pajeú, com o seu porte sisudo,
cada vez mais feroz, arrasta pedra e pau,
pau e pedra revolve, e desbarata tudo.
Para mim, nosso amor foi como um sonho mau
que logo se desfez. Também não mais me iludo
contigo. E acordei mesmo, à borda de um jirau.
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