e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar
sábado, 13 de outubro de 2012
DENTRO DA SAUDADE Luciano Maia
DENTRO DA SAUDADE
Luciano Maia
(Da Academia Cearense de Letras)
Fui visitar a casa onde o menino
de outrora me chamou. Tomei sua mão
e cheguei à calçada. A lua, em cima
de tudo, alumiava a imensidão.
A casa veio de saudades, dentro
da noite, em seu vastíssimo clarão.
Percorro, devagar, o corredor
entre os quartos voltados ao oitão
e o alpendre à direita, porta aberta
por onde entra, comigo, uma ilusão...
Janelas e umburana... As portinholas
por onde entrei, um dia... ali estão...
Um raio de luar penetra as telhas
e argentado e redondo cai ao chão...
Menino fui, poeta desde quando
li poemas nas luzes da amplidão.
Como num sonho, eis-me retornado
ao tempo nunca mais aquele então.
Chego à sala em silêncio e, num instante
suas sombras velozes voltarão
do longo exílio, todos, prontamente
nesta hora grave de recordação.
Minha mãe, em voz calma, vem cantando...
Quantas vezes ouvi esse refrão!
O meu pai, a ouvi-la, se enternece
da beleza singela da canção.
Sentado à mesa, em alegria triste
sorrindo a me acenar, o meu irmão.
Suas vozes minha alma acariciam
e me invade profunda comoção.
Ó minha mãe!... Meu pai, quantas saudade!
Sei que esses tempos nunca mais virão!
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Tento escrever... As lágrimas me assomam...
Pranto sobre o calado coração.
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