Triste amor
Nesse texto, fugindo dos temas filosóficos (onde a lógica de viver considera a dialética da causa e efeito), políticos (que envolve a análise dos processos de Estado e de Governo para assegurar justiça, direitos e obrigações), econômicos (consistindo nos exames da oferta, da demanda, da incerteza, do risco e outros), etc, tentamos mostrar a ansiedade e o sofrimento de um homem apaixonado que não foi correspondido por sua amada (Alice). A idéia central foi extraída do poema prosa “Três Horas” de nossa autoria e constante, inicialmente, do livro “Amor e Dor”. Alice era uma moça bem intencionada, esperava plantar sementes de amor, pois assim sua vida ficaria mais interessante. Essa história de amor, talvez paixão, não apresentou um final feliz. Eis, a seguir, as sete estrofes do mencionado poema prosa: 1. Estou no restaurante sozinho; são três horas; já está tarde pra jantar; Alice ainda não chegou. 2. Ainda virá? Pergunto-me; além da fome, sinto sua falta; gostaria de depois amar. 3. Já é tarde, são três horas, madrugada triste; ao lado, um casal bebendo e feliz; com certeza aguardam bons momentos. 4. Em outra mesa quatro boêmios cantam Lupicínio; “Nunca”, “Vingança”, “Volta”, “Cadeira Vazia”... 5. Meu coração sofre, são três horas; à minha frente uma cadeira vazia; Alice não mais virá. 6. Vou-me embora, abatido; não bebi e não beberei; sóbrio, enfrentarei a decepção; Alice está com outro amor. 7. Já são mais de três horas; magoado e cabisbaixo; vou caminhando para casa; pensando, quase chorando; Alice me abandonou. Assim, diante da realidade, disse a mim mesmo: para conquistar o coração de uma mulher, devo primeiro alterar o meu, bem como ter a consciência de que a compreensão e a tolerância permitem alcançar a paz. Lembrei-me de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
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