e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Poesia de Clara Lêda
POEIRAS DE SAUDADE
Clara Lêda (AFELCE)
Saudade é uma lasquinha de lembrança
Que se mostra de vez em quando
Fazendo o tempo voltar.
É respingo do passado
Que toca bem de mansinho
Na intenção de provocar.
É a poesia adormecida
Arremessada, soprada
Por antigo vendaval.
Atiçando a ferida
Inflamada, dolorida
Que não quer cicatrizar.
É o sino da matriz
Lá no alto da torre
Badalando no peito.
É um pedaço de poema
Tropeçando nas palavras
Nocauteado pelo pranto.
É lágrima rolando solta
Cavando duas crateras
Em cada face do rosto.
É queda d’água, cachoeira,
Pêndulo de cristal cantado
Na voz da natureza.
É um trevo de quatro pétalas
Na relva acolchoada de sonhos
Adormecido no jardim.
É a gota do orvalho vazada
Feito lança, flecha, punhal
Mirando o alvo em mim.
É a caneta balbuciando
Na velha página desbotada
A confissão mais secreta.
Extrai do abstrato segredo
E grava nas entrelinhas
O nome do amor perfeito.
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