Imigração provoca efeitos os mais
diversos, conforme uma gama de fatores relacionados. O volume de imigrantes,
cultura de origem e do país para o qual se dirigem, peculiaridades dos
imigrantes, a motivação da imigração, etc. Ondas migratórias massivas,
alterando bruscamente a composição demográfica do país para o qual se destinam,
causando impacto econômico, social e político, causam problemas, juntamente com
a motivação, são fatores que devem ser examinados.
Quando a imigração resulta de fatores de
expulsão do país de origem, mais do que da atração pela outra terra, os
problemas se agravam. A chamada invasão dos bárbaros, que contribuiu para a
queda do já abalado Império Romano, resultou de uma fuga da Ásia central,
motivada por uma longa seca. Tanto assim que houve o retorno parcial dos hunos,
embora estes fossem vitoriosos no momento do regresso às suas origens. As
diferenças culturais, potencializadas pela insatisfação de imigrantes que
saíram contrariados de seus países, expulsos por guerras ou fome, quando
massiva, provoca choques decorrentes da diversidade de costumes, como acontece
atualmente na Europa.
A hostilidade dos anfitriões guarda
relação com as diferenças culturais, o volume da imigração, o impacto dos
imigrantes sobre os serviços públicos e políticas sociais. O emprego é outra
variável importante. Economias em crescimento, com escassez de mão-de-obra,
tornam-se receptivas. Recessão e desemprego levam ao desagrado com a imigração,
ainda que os reais motivos da falta de trabalho sejam outros. Isso está
acontecendo na Europa, nos EUA e agora em Roraima.
O caso de Roraima reúne quase que
exclusivamente o volume de imigrantes e o tipo de imigração. O Estado tem 522
mil habitantes (IBGE 2018) e Pacaraima 12.375, recebe 500 imigrantes por dia.
Bastam cem dias para termos um aumento de dez por cento da população do Estado
e quatro vezes a população da cidade fronteiriça. Culturalmente não há diferença tão grande entre nacionais e
refugiados, mas este tipo de imigrante não passa por nenhuma seleção; não
precisam ter idade produtiva ou qualificação profissional e trazem doenças que
havíamos erradicado, como o sarampo. Os venezuelanos mais qualificados emigram
para os EUA e Espanha, depois para a Argentina, Uruguai e Chile. Brasil e
Colômbia recebem os menos favorecidos. Estes são os menos qualificados. Não se
dirigem ao nosso país por desejar morar aqui, como o imigrante que se dirigia
para os EUA levado pelo “sonho americano”.
Imigrantes são vulneráveis ao recrutamento
pelo crime. A imigração italiana fez crescer a criminalidade nos EUA, embora
tenha acontecido em condições mais favoráveis. Os nossos serviços públicos já
não atendiam a nossa demanda. Têm agora agravadas as suas condições. O
noticiário não aborda estes aspectos, nem fala nos motivos da onda migratória:
o desastre bolivariano expulsou inclusive as pessoas. Elas aqui chegam
insatisfeitas porque saíram contrariadas do seu país, trazendo consigo demandas
de saúde desatendidas pelo governo bolivariano. Mais doenças, mais demandas sobre
os serviços públicos os precários serviços públicos e mais criminalidade é o
que ocorre.
Não podemos deixar de
receber refugiados. É preciso que os demais estados repartam o ônus da
solidariedade com Roraima. Devemos lembrar que quando os brasileiros forem os
refugiados o mundo há de recordar os acontecimentos de agora. A marcha dos
acontecimentos torna plausível uma hipótese: a próxima onda de refugiados
poderá sair do Brasil. Seremos um número maior e mais difícil de acomodar.
Fortaleza, 22/8/18.
Rui.
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