A
SITUAÇÃO
Vivemos um certame
eleitoral do qual emergirá o novo presidente e um parlamento de mandatos
renovados e substituídos. Analisemos a situação em que se desenrolam os fatos. O
sentimento do eleitorado está voltado para emprego; segurança pública; corrupção;
incerteza decorrente das surpresas que poderão advir da Lava Jato. A absoluta
hegemonia dos socialistas e afins foi abalada. O prestígio dos líderes sofreu
graves danos, levando a elevados índices de rejeição aos candidatos, tornando altamente
provável um segundo turno. Máquinas partidárias foram atingidas pelo
desprestígio resultante do desmascaramento do mecanismo da política.
Os meios a disposição
de partidos e candidatos incluem um tempo de campanha menor; o horário da
Justiça Eleitoral foi reduzido; maior participação das redes sociais; menor
financiamento privado de campanhas; maior fragmentação do eleitorado em razão
do maior número de candidatos. A exacerbação de ânimos é maior do que se
observou nas últimas eleições. As regiões do país continuam tendo inclinações
políticas diferenciadas. Mas qual é o peso relativo dos fatores aludidos? Quem
ganha e quem perde na situação descrita?
Conservadores e
liberais têm algum ganho, por terem readquirido voz. A criminalidade em
proporções assustadoras abre caminho para os conservadores, juntamente com o
desgaste das diversas narrativas socialistas e afins, que ensejam algum espaço
para os liberais. A escassez de recursos é favorável aos pequenos partidos. As
máquinas partidárias desgastadas criam oportunidade para as pequenas
agremiações. A exacerbação de ânimos dificulta a eleição dos moderados.
Eleitores fiéis, ao estilo de seguidores de seitas, tornaram-se um trunfo
preciso.
Dando nome aos bois: o
PT, por ter um perfil de religião secular, ganha por ter votos consolidados de
aproximadamente um quarto do eleitorado, minimizando o desgaste geral. O PSDB
perde com isso. A exacerbação de ânimos leva água para o moinho de Bolsonaro,
por seu discurso enérgico. A dispersão prejudica PT e PSDB, que se beneficiavam
com a falsa polarização que protagonizavam, embora ambos adotassem políticas da
social democracia. Ciro tira votos do PT no Nordeste. Marina desvia alguns
sufrágios petistas em todo o Brasil. Bolsonaro dividiu o leitorado do Alckmin
em reduto paulista e no sul. As máquinas partidárias enfraquecidas e o tempo de
televisão reduzido poderão prejudicar os grandes partidos e alianças (PSDB e
PT). A rejeição generalizada estabelece um teto baixo para os candidatos. O
crescimento da abstenção, voto em branco e nulo criam uma provável linha
divisória de acesso ao segundo turno dos vinte por cento de votos. As redes
sociais certamente terão uma influência sem precedentes.
Algum candidato poderá
não suportar o desgaste da campanha. Um fato novo, talvez vindo da lava Jato, é
uma incerteza. O tempo dará todas as respostas.
Fortaleza, 12/08/18.
Rui Martinho Rodrigues.
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