HORAS DE DESVALIMENTO
Valdelice Alves Leite
(Do Movimento Cultural Terça-Feira em Prosa e Verso)
Na trama dos dias, acontecimentos imprevistos
transmudam a face de qualquer vivente. Em conseqüência, há
surpresas e atitudes estáticas, nos primeiros momentos, então as verdades se entrecruzam e se pode aquilatar a dimensão das humanas limitações. Assim, quem se considera auto-suficiente, era espetaculares lições de vida, quando acontecimentos a que nem se davam tanta importância, tornam-se realidade.
Aí vem as horas de desvalimento ao se perder, embora provisoriamente, a graça da liberdade. Diz Maryse Weyne em uma de suas trovas:
“Se tropeças no caminho,
Não te mostres descontente.
Um tropeção é “carinho”
Quando nos leva pra frente”.
Entretanto, amiga Maryse, quando esse tropeção ou mesmo um simples escorrego acontece, no sentido físico real, e nos leva pra frente de mau jeito... saia quem estiver por perto, para não compartilhar, por exemplo, da fratura do punho ou do braço, no impacto da queda que arrasta tudo. Então o braço, nesse caso o direito, tem que ficar imobilizado com gesso até próximo ao ombro para evitar maiores problemas. São 45 dias de “chá” de paciência! Não é pra rir e sim chorar...
O auto-suficiente ficará dependente de outras pessoas nas mínimas necessidades pessoais. É verdadeiramente humilhante!
Só muita vivência e compreensão, aceitação plena do inevitável por parte da vítima, poderão ser ajuda em superar a desagradável situação. Tudo isso só por causa de alguns salpicos de óleo na cerâmica da cozinha, parece incrível!
Retirado o gesso, há dias e dias de aplicações e exercícios fisioterápicos para completa reabilitação do membro atingido. No final, a mão esquerda tem aprendido a se comportar como a direita (única vantagem) e daí por diante, uma mão ajudará e até poderá substituir, eventualmente, a outra.
Auto-suficiente, eu...nunca mais!
Aprendamos: mesmo nas horas de desvalimento.
Deus nos vale sempre com preciosas lições de vida...e quantas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário