Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

LUZIA E VITAL BRAZIL VILIPENDIADOS E ULTRAJADOS

LUZIA E VITAL BRAZIL VILIPENDIADOS E ULTRAJADOS
João Amílcar Salgado

Criei um grande museu e assim tenho autoridade  para falar sobre o criminoso incêndio do Museu Nacional. Em 1979, ao lado de meus filhos adolescentes, Carlos e João, percorri aquele palácio e jamais imaginaria vê-lo reduzido a cinzas. Ao ver as chamas devorando tudo, pensei que o Michel Temer, que teve várias fortes razões para renunciar, desta vez renunciaria.  E que os ministros da Cultura, da Educação e da Tecnologia, bem como o reitor da UFRJ e o diretor da casa, seriam presos incomunicáveis, antes de qualquer outra providência. Nada disso aconteceu e todos aparecem na tevê, com a cara mais limpa, para explicar o inexplicável - e prometer o que?
O fóssil da Luzia mostra bem a malandra irresponsabilidade dos que deveriam ser guardiães de nossos tesouros públicos. O fóssil foi descoberto em Minas, em 1975, e depois datado e reconstituído, em 1999. Foi então que nós, do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, entramos em contado com pesquisadores amigos, no intuito de trazê-lo para o Centro, onde faria parte do acervo referente aos médicos Lund, Burmeister e Basílio Furtado.   A resposta que nos deram foi que a Luzia sem dúvida era não só mineira, mas a primeira mineira - contudo, para resguardo de uma peça de tão alta preciosidade, seria difícil encontrar em Minas a segurança como a oferecida pelo Museu Nacional.
Essa mesma malandra irresponsabilidade encontra-se por todos os museus do Brasil, misturando mau-caráter, carreirismo, oportunismo, impunidade, cafajestagem e incompetência. Os museus de Londres, Paris, Nova Iorque, Berlim, México, Vaticano e outros parecem estar higienizados de tal fauna.  Tudo o que aconteceu, no dia 2-9-2018, no Museu Nacional, foi anunciado em outros incêndios de museus brasileiros, principalmente o ocorrido em 15-5-2010, no Instituto Butantã. Nessa ocasião, usei pesadas palavras contra os que se deviam responsabilizar pelo instituto, mostrando que aquilo era apenas a culminância dos desapreços de toda a ordem, sofridos por seu criador o sulmineiro Vital Brasil.
Luzia e Vital Brasil são vítimas mineiras do desleixo, da incúria, do desmazelo, do descaso, da omissão, da negligência e da desídia brasileira

Nenhum comentário: