Crato, Castello e cachaça
Geraldo Duarte*
Crato faz-se bastante notável por seus heróis memoráveis e personagens populares. Estes somando números e façanhas deveras merecedoras de pesquisas e estudos. Até em fatos históricos, há narrativas de momentos folclóricos, inusitados e gracejantes.
21 de junho de 1964. Comemorações do bicentenário do município. Atendendo a convite do senador, advogado e jornalista Wilson Gonçalves (1914 - 2000) e autoridades cratenses, o presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castello Branco (1900 - 1967), visitou a terra do Padre Cícero.
Recebido no Aeroporto de Fátima, na Chapada do Araripe, pelo então prefeito e professor Pedro Felício Cavalcanti (1905 – 1991), outros representantes dos poderes públicos e munícipes, participou das solenidades e destacou o desenvolvimento citadino.
Findos os acontecimentos programados, Castello Branco destinou-se à residência do promotor José Ribeiro Dantas, que o hospedou.
Na cidade, vivia como fazendeiro, após ter ingressado na reserva, o major-brigadeiro-do-ar José Sampaio de Macedo (1907 – 1992), criador do Correio Aéreo Nacional (CAN), fundador e ex-comandante da Base Aérea de Fortaleza.
Depois de passar alguns anos na Fazenda Parelha, em Quixeramobim, afirmando não mais aguentar as saudades de familiares e do povo, deu-se ao seu chamado “Cratinho de Açúcar”. Comprou sítio, montou engenho, alambique, produzindo álcool e a Cachaça Brigadeiro.
Com a chegada de Castello Branco, decidiu visitá-lo. Irrompeu à segurança, entrou casa à dentro e dirigiu-se ao convidado.
Castello, vendo-o, abraçou-o alegremente, pois velhos e sempre muito amigos, indagando: “O que você está fazendo aqui, Zé do Crato (ou Zé Doido, segundo alcunha registrada por diferentes autores)?”.
Macedo de pronto respostou: “Produzindo cachaça, vendendo sem nota para alegrar o povo, dar emprego à polícia, juiz e advogado!”.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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