Bom dia vida...! Bom dia, grande mundo de meu Deus!
Quão bom é poder congratular-me convosco, após a transposição do pânico gerado por um anunciado fim de mundo de origem, no mínimo, questionada.
Quão bom foi abrir os olhos, na manhã de hoje, vislumbrar o decadente calendário sobre a mesa, o velho relógio de parede e perceber que hoje é aquele amanhã que disseram que não chegaria... Quão bom é olhar pela janela e desfrutar do brilho do sol; mesmo que o céu se me apresente com aqueles indícios de nuvens negras, preanunciando um dia de chuva. Quão agradável e confortante foi, mais uma vez, madrugar pelo interior do apartamento e curtir os ressonares da minha família... Quão agradáveis se me pareceram tais roncares, na manhã de hoje...!
Ah, velha vida, quase sessentona...! Como é bom constatar que ainda terei oportunidades de fazer coisas... Como é bom vislumbrar mais fins de túneis...! Como é bom saber que ainda posso transformar sonhos em projetos; e projetos em realidade... Como é bom poder manter uma agenda recheada de afazeres, alimentá-la mais e mais e, principalmente, saber que sou inteiramente capaz de realizá-los, mesmo ante os obstáculos que se me ponham à frente...! Quão agradável é ter, sempre, o que fazer! A ociosidade é morte em vida...
Ah, velha vida companheira... Ante a negação da assertiva tão difundida, que tal uma renovação de propósitos? Que tal vivermos o simples, em detrimento do complexo? Que tal desfrutarmos, mais intensamente, desse presente divino que chamamos de hoje? Que tal elegermos o agora, como o momento adequado para tornarmos realidade as nossas melhores intenções? Que tal acariciarmos as penugens do passarinho que repousa em nossas mãos, esforçarmo-nos para amá-lo como ele faz por merecer e abdicarmos de uma possibilidade que só Deus sabe se virá? Que tal fazermos vistas grossas àquelas ofensas às nossas vaidades, que nos chegam com jeito de fim de mundo? Que tal priorizarmos, nos nossos pensamentos, um sábio “deixa pra lá” e começarmos um processo de extinção de um desgastante “vou retaliar”?
É, vida...! Apesar dos pessimistas, juntos prosseguiremos nessa incerta, mas gostosa jornada. Hoje é o dia 22 de dezembro de 2012, sim. O pânico passou; mas as lições, o alerta, ficaram. Pelo dia ou pela data, começamos um novo ciclo. Como sempre foi, continuará sendo, a cada amanhecer, um momento de começarmos a dar o nosso melhor. Apalpemo-nos, belisquemo-nos para checarmos se está tudo bem...!
Se tal reflexão não for obra-prima de um comovente delírio, a nossa história, de fato, continua.
Silvio dos Santos – Fortaleza-CE
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