Gado que come linhaça produz carne mais saudável
Sete mil produtores em toda a França estão usando a linhaça como complemento alimentar dos animais. O leite e a carne ficaram mais nutritivos e ricos em ômega-3.
Cruzamos a França e amanhecemos nas terras da Bretanha, onde cidades parecem flutuar sobre as nuvens. Os primeiros raios de sol já encontram, no pasto, os animais que estão provocando uma revolução alimentar na França.
O que está dando tanto o que falar é o que as vacas comem: erva, uma ração de feno, soja e milho e um preparado a base de grãos de linhaça. Essa sementinha poderosa – rica em ômega-3 – é capaz de deixar a carne e o leite desses animais muito mais saudáveis.
A ideia de dar linhaça para as vacas nasceu da curiosidade de um típico fazendeiro francês, que, antes das 6h, já tem humor para desafiar uma desajeitada repórter a ordenhar.
Cada vaca produz, em média, 35 litros de leite por dia. Um leite mais saboroso e mais nutritivo. O pecuarista Jean-Pierre Pasquet conta que não entendia por que a manteiga feita na fazenda no inverno não era tão gostosa e não deslizava tão suavemente no pão quanto a manteiga feita em outras épocas do ano.
Um agrônomo analisou os produtos e descobriu que faltava ômega-3, um problema que apareceu nas últimas décadas com a criação de gado confinado, para aumentar a produtividade. O pasto é rico em ômega-3. Mas, no inverno, quando as vacas se alimentam só com ração, em vez da grama verde, o leite fica pobre nesse ácido graxo essencial para o nosso organismo. Muda a textura, o sabor e a manteiga fica perigosa para a saúde.
Diminui o ômega-3, sobe a concentração de ômega-6. Esse desequilíbrio de até 20 vezes mais ômega-6 do que ômega-3 provoca inflamações, coagulações e o surgimento de células cancerosas, além de aumentar o risco de doenças cardíacas.
Ao ser perguntado se a saúde dos animais melhorou, agora que eles comem linhaça, Jean-Pierre diz que sim, visivelmente. Diz que o pelo das vacas está mais brilhante, elas estão mais saudáveis e, por isso, precisam de menos remédios.
E não é só o leite que ficou mais nutritivo. Na fazenda vizinha, encontramos outro produtor satisfeito. Desde 2002, ele dá linhaça para o gado de corte e diz que as vendas estão indo muito bem. Os clientes andam felizes com o gosto e a qualidade da carne.
Sete mil produtores em toda a França estão usando a linhaça como complemento alimentar dos animais. Nos supermercados, já são centenas de produtos: queijos, manteigas, iogurtes, carne de frango, de porco, ovos. Um selo de qualidade do Ministério da Saúde identifica os produtos, conhecidos como bleu-blanc-coeur – em português, azul, branco e coração – um trocadilho com as cores da França.
Na Universidade de Rennes, encontramos o professor Philippe Legrand, chefe de uma pesquisa feita com voluntários que comeram produtos de animais alimentados com linhaça. O resultado é o que ele chamou de uma transferência de saúde. Os voluntários tiveram um aumento de ômega-3 no organismo.
O professor explica que há dois tipos de ácido graxo e precisamos dos dois. Um vem das verduras, dos vegetais. Outro está na gordura animal.
Pois a pesquisa mostra que a carne vermelha, de gado alimentado com linhaça, é rica nos dois e pode ser tão saudável quanto um filé de salmão. Isso vale também para a carne de porco, frango e ovos. Seria a redenção da carne vermelha?
"É claro que não. Comer com moderação é a melhor receita de saúde. Mas, produzida saudavelmente, a carne vermelha pode sair da lista dos grandes vilões", diz ele.
O reconhecimento dessa pesquisa veio do Ministério da Saúde da França, que editou uma recomendação para que os consumidores procurem produtos com o selo especial, para evitarem doenças.
Jean-Pierre é um defensor apaixonado da linhaça. Dono de uma fazenda na qual os animais transpiram vitalidade, ele reconhece que os custos da produção ficaram até 10% mais caros. Mas, para ele e todos os envolvidos nessa busca pela alimentação saudável, o benefício sempre vai compensar o preço.
O que está dando tanto o que falar é o que as vacas comem: erva, uma ração de feno, soja e milho e um preparado a base de grãos de linhaça. Essa sementinha poderosa – rica em ômega-3 – é capaz de deixar a carne e o leite desses animais muito mais saudáveis.
A ideia de dar linhaça para as vacas nasceu da curiosidade de um típico fazendeiro francês, que, antes das 6h, já tem humor para desafiar uma desajeitada repórter a ordenhar.
Cada vaca produz, em média, 35 litros de leite por dia. Um leite mais saboroso e mais nutritivo. O pecuarista Jean-Pierre Pasquet conta que não entendia por que a manteiga feita na fazenda no inverno não era tão gostosa e não deslizava tão suavemente no pão quanto a manteiga feita em outras épocas do ano.
Um agrônomo analisou os produtos e descobriu que faltava ômega-3, um problema que apareceu nas últimas décadas com a criação de gado confinado, para aumentar a produtividade. O pasto é rico em ômega-3. Mas, no inverno, quando as vacas se alimentam só com ração, em vez da grama verde, o leite fica pobre nesse ácido graxo essencial para o nosso organismo. Muda a textura, o sabor e a manteiga fica perigosa para a saúde.
Diminui o ômega-3, sobe a concentração de ômega-6. Esse desequilíbrio de até 20 vezes mais ômega-6 do que ômega-3 provoca inflamações, coagulações e o surgimento de células cancerosas, além de aumentar o risco de doenças cardíacas.
Ao ser perguntado se a saúde dos animais melhorou, agora que eles comem linhaça, Jean-Pierre diz que sim, visivelmente. Diz que o pelo das vacas está mais brilhante, elas estão mais saudáveis e, por isso, precisam de menos remédios.
E não é só o leite que ficou mais nutritivo. Na fazenda vizinha, encontramos outro produtor satisfeito. Desde 2002, ele dá linhaça para o gado de corte e diz que as vendas estão indo muito bem. Os clientes andam felizes com o gosto e a qualidade da carne.
Sete mil produtores em toda a França estão usando a linhaça como complemento alimentar dos animais. Nos supermercados, já são centenas de produtos: queijos, manteigas, iogurtes, carne de frango, de porco, ovos. Um selo de qualidade do Ministério da Saúde identifica os produtos, conhecidos como bleu-blanc-coeur – em português, azul, branco e coração – um trocadilho com as cores da França.
Na Universidade de Rennes, encontramos o professor Philippe Legrand, chefe de uma pesquisa feita com voluntários que comeram produtos de animais alimentados com linhaça. O resultado é o que ele chamou de uma transferência de saúde. Os voluntários tiveram um aumento de ômega-3 no organismo.
O professor explica que há dois tipos de ácido graxo e precisamos dos dois. Um vem das verduras, dos vegetais. Outro está na gordura animal.
Pois a pesquisa mostra que a carne vermelha, de gado alimentado com linhaça, é rica nos dois e pode ser tão saudável quanto um filé de salmão. Isso vale também para a carne de porco, frango e ovos. Seria a redenção da carne vermelha?
"É claro que não. Comer com moderação é a melhor receita de saúde. Mas, produzida saudavelmente, a carne vermelha pode sair da lista dos grandes vilões", diz ele.
O reconhecimento dessa pesquisa veio do Ministério da Saúde da França, que editou uma recomendação para que os consumidores procurem produtos com o selo especial, para evitarem doenças.
Jean-Pierre é um defensor apaixonado da linhaça. Dono de uma fazenda na qual os animais transpiram vitalidade, ele reconhece que os custos da produção ficaram até 10% mais caros. Mas, para ele e todos os envolvidos nessa busca pela alimentação saudável, o benefício sempre vai compensar o preço.
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