VERSATILIDADE POÉTICA
Valendo-se
de sua versatilidade e sensibilidade poéticas, Rita de Cássia surpreende de
livro para livro. Não no formalismo criador, que sua poesia, liberta de
metáforas enganosas, quase sempre elítica e essencial, é de uma expressividade
grande e cósmica; mas na variação temática, com o seu como dizer poético multifacetado, a um tempo contido e inversamente
expansivo, fotográfico, em ciranda impressionista, palpitante e vívido,lírico,
humano e denunciante. Toda esta pulsação criadora surpreende, palpita, e não
cai na redundância.
Cajueiro florido (Fortaleza, CE., 2012,
de belíssima apresentação gráfica, capa e fotos ilustrativas de Beatriz
Alcântara),o último livro entregue ao público é um degrau a mais na sua
caminhada poética. Cada criação,tal como nos livros anteriores, é uma sequência
de achados poéticos. A autora, sensível observadora da vida sentida, ida ou
presente, tudo transmuda vibrantemente em poesia. Voltada sentimentalmente para
as belezas ecológicas, fez de Cajueiro
florido, já pelo título, uma síntese de sensações humanas e sociais.
Citação ao acaso: "Amor escondido/
Amor guardado/Amor esquecido . . ."in Amor& Cia. Outra: "Na espera do tempo/perco minha
identidade". . . in Identidade. As citações seriam
continuadas para esta afirmação: a poetisa está em permanente tempo de espera,
e o que lhe vem a relevo, de repente, é ungido, dentro da variação temática, de
uma benquerença subjacente notável. Um anjo
bom acompanha a sua poesia, e dele se socorre, como contra-espelho, não em busca de dualidade na
mensagem criada, antes para que a criação poética caminhe por veredas mais
profundas, como acontece.
Tal como
afirma a autora no início do poema Certeza:
"Questiono,
questionamos/a vida doce e amarga/dos dias curtos, corridos/no espaço
perdido/nos tempos febris". . . .
Eis aqui,
neste livro, o exemplo do simples sem
ser fácil. Cajueiro florido é a mais recente floração de uma poetisa irmanada
e sacralizada às palpitações da Vida,
na sua essência e essencialidade, sem fulgurações duvidosas, tal o fruto de um
cajueiro ou um pássaro que apenas voa.
Caio Porfírio Carneiro
SP., 02/12/2012
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