OLIP 2/4/2020 – PROSA- MONÓLOGO – JUÇARA VALVERDE
MONOLOGO `A VIDA
Juçara Valverde
Conversando com a vida, tenho dúvidas de como agir. Basta respeitar o indivíduo e sua essência, na preservação da Sociedade? Reavivar valores morais preestabelecidos ao longo dos anos, regras e leis? Mas como, se eles são diferentes de uma sociedade para outra, em cada grupo ou gueto? Sabemos do declínio dos valores estabelecidos no passado.
E os valores sociais? Conviver de forma harmoniosa faz a diferença e perpassa a família, o ambiente de trabalho, os espaços públicos, onde a cordialidade é fundamental, como também o respeito às pessoas e às suas diferenças. Tudo se apoia fortemente no diálogo, que, em sendo saudável, produz resultados positivos e resulta em relações mais amigáveis. O respeito é importante e se destaca, para superar diferenças.
A fé é o mais poderoso valor religioso, seguido da compaixão, da caridade e da esperança. Relevâncias que possibilitam um amanhã mais digno. As religiões estabelecem e impõem valores na construção das sociedades. No Cristianismo atualmente há dois grandes segmentos: católicos e evangélicos, que disputam espaço no inconsciente coletivo.
Outro ponto fundamental é a ética, com seus conjuntos de regras de conduta, que podem mostrar como uma pessoa pode ser leal, transparente e nutrir os mais elevados valores. A ética atua diretamente com a moral das pessoas, mostrando o mais certo a se fazer, como e porque se faz. Talvez devêssemos demonstrar de modo mais eficaz no nosso cotidiano.
E os valores materiais numa sociedade capitalista? O Consumismo, a valorização das questões materiais como forma de realização, valores de desejo, necessidade urgente de realizar, consumir e comprar. A sociedade se movimenta o tempo todo e se nutre de escassez de tempo, mal distribuído e incoerente, que cruza com a grande diversidade entre as pessoas, seus sonhos, metas, projetos e realizações. Valores materiais é tudo aquilo que o corpo humano precisa para sobreviver e se satisfazer em seu dia a dia, do alimento aos bens supérfluos. Esses valores materiais adquiriram, ao longo do tempo, grandes mudanças e surgem como uma nova prática em uma sociedade ansiosa e angustiada. Vive-se a intensa insatisfação com os padrões estabelecidos e valores estéticos de aparência, vestimenta e estrutura corporal, nessa nossa aldeia global de grande diversidade. Portanto, tudo isso tem o potencial de provocar baixa estima nas pessoas, influenciadas pela mídia, televisão e cinema, que atuam e contribuem, ditando e criando modismos de como as pessoas devem seguir ou agir. Resistir, renovar e se reinventar são linguagens do hoje que demandam rotineiro esforço pessoal e coletivo.
Venho refletindo sobre como irá caminhar o nosso Planeta Azul. Será que conseguiremos vencer tanta desigualdade, que só nos iguala na desgraça, nos caixões, lado a lado? Nesse desértico isolamento, tudo ficou para trás ou para o futuro. O que esperar? O que será possível amanhã? Sem respostas, vivo. Gosto de gente e dúvidas e incertezas me assaltam, sobressaltam e ameaçam. Hoje, converso com a insônia. A luz no fim do túnel está distante, mas amanhã, quem sabe?
30/3/2020
OLIP 2/4/2020 – PROSA- MONÓLOGO – JUÇARA VALVERDE
MELODIA DO VIVER
Juçara Valverde
E se o tempo pedisse desculpas e saísse de fininho?
Talvez a alegria e a tristeza mantivessem a amizade.
E se os sentimentos renovassem seus conceitos?
Talvez a pista de dança voltasse a encher.
E se os afetos fossem dormir ao final da tarde?
Talvez o amor aflorasse entre as pedras.
E se os corações se ensoleirassem como o dia?
Talvez o orvalho acariciasse a noite.
E se o isolamento ensinasse compaixão e respeito?
Talvez a humanidade mudasse.
E se recomeçássemos e nos reinventássemos?
Talvez ainda houvesse tempo para apreciar o outro.
E se?
Talvez...
30/3/2020
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