Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Papa Francisco: "O homem com a criança nos olhos"

Papa Francisco: "O homem com a criança nos olhos"
Publicado em: 30/07/2013 


Feito Francisco pela inspiração de Deus que o levou a ser papa, o escolhido não poderia ter sido ninguém mais adequado ao honroso cargo, e só Deus sabia que ele era o melhor para aquele instante cósmico onde a Santa Sé reuniu-se em conclave. Com a luz da Escritura que nos informa que "toda autoridade provém de Deus", nenhuma autoridade poderia ser mais divina do que a de um papa, sobretudo de um líder para estes tempos difíceis da pós-modernidade, os quais desafiam ao Homem como um todo e a qualquer homem em particular, a fazer valer toda a caminhada humana na superfície deste planeta, sob pena de triunfar a Queda que desflorestou o Jardim de Deus.

Atentemos. Ele não veio com ouro e prata, mas apenas com Jesus Cristo ("apenas"?), como deve andar todo aquele que diz crer nele, e com isso apontou diretamente para a pompa da Santa Sé e acendeu a esperança de ver ocorrer ali o exemplo real de São Francisco, no abandono completo da riqueza e no assumir pleno da vida humilde, à luz da Sagrada Família. Infelizmente a ocasião aponta também para o medo, o grande trunfo das trevas, quando os cristãos mais bem informados se lembram de uma estranha morte no exercício do seu cargo, de um papa que morreu com poucos meses de pontificado (João Paulo I), justamente porque tentou uma reforma que descapitalizaria o Vaticano. Impactados por este susto, quem não se pergunta se Francisco conseguirá o sublime intento, numa época de total desproteção dos cidadãos (vide Snowden, Assange, Lazar e outros), e num mundo governado pelo vil metal, poder onipotente dos poderosos que a ninguém temem e que estão vivendo a contagem regressiva para sua única derrota certa, a do Juízo de Deus.

Respiremos. É justa a reivindicação do medo. Por mais bom líder que Francisco seja, ele é apenas um homem, no apogeu de sua fragilidade entrópica. Os cartéis onipresentes, que criam as "castas parasitas" de qualquer poder, sobretudo na Santa Sé (quanto mais divino for o lugar, mais diabos ali acorrerão para conspurcar as consciências), jamais abrirão mão do privilégio de peitar Jesus em sua coragem de lutar contando apenas com homens de carne e osso. Nem precisam da destruição propriamente dita, e em toda orbe é a desmoralização oriunda da imoralidade que intentam, e é contra ela que um papa combaterá, enquanto tiver fôlego moral para dormir tranquilo e fôlego físico para lutar pela manutenção da velha Moralidade, união uníssona de toda a Cristandade. Por tudo isso, ninguém deve se levantar contra aqueles que não consigam acreditar na vitória deste bom Francisco, conquanto ela apresente mais elementos realistas do que a utopia jovem que ele tanto elogiou na JMJ.

Creiamos. Deus há de fazer "a esperança vencer o medo", sem a demagogia e a hipocrisia com que o PT alardeou esta frase, traindo o povo que o elegeu de bom coração. Francisco haverá de encontrar, quem sabe, exércitos de Deus (os jovens?) dispostos a antecipar com amor e sem vandalismos, o grande Juízo, no qual a Igreja será a primeira julgada (e aprovada?) para exemplo dos infiéis. Mas será preciso conversão interior muito forte, que uma simples visita papal não pode promover, como nada pode ser feito sem a vontade mais íntima a seu favor. Os jovens foram os principais alvos das mensagens da JMJ, justamente porque também foram as maiores vítimas deste mundo, batidos e abatidos pelo desemprego mundial, o fim da família tradicional, a desconfiança recíproca entre os sexos e o vício ininterrupto da sedução erótica, que desespiritualizou o último reduto da fé viva do tempo dos apóstolos. Obviamente não será um homem, mesmo um pontífice de uma Igreja que o ama, o artífice da mudança que só as almas poderão executar na intimidade de sua relação com o Criador. Será que elas terão força? Será que ainda têm autonomia?

Reflitamos. Francisco deixou uma luz nova entre nós. A esperança costuma ganhar força apenas quando caída nas mais densas trevas, e o apóstolo Paulo explicou isso muito bem (II Coríntios 12,5-10). Então não há, teoricamente, razão alguma para descrer do sucesso da chegada franciscana nos destinos da Santa Sé, embora isso possa tipificar uma mudança intramuros, e uma derrocada extramuros. Todavia, se o Vaticano for passado a limpo, a força deste exemplo poderá fazer milhares de discípulos na mudança que Deus quer, e assim uma corrente restauradora comece a tomar corpo no mundo, mormente se seguida por outras denominações cristãs, igualmente corrompidas na modernidade. Nisto podemos e devemos crer.

Oremos. Francisco deixou um inefável sinal entre nós. E o sinal estava em seu rosto, escrito em linguagem pueril. Também está escrito que "os olhos são a lâmpada da alma, e se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo assim o será". Quem conseguia olhar no rosto de Francisco e não ver a inquieta criança que ali brincava? Tão vívido estava aquele menino que nem precisou provar nada, e quase não citou referências para agradar os biblistas de plantão. O genial paradoxo de Cristo estava nele: "quanto mais criança eu for, mais sério me expressarei e mais seriamente me obedecerão". Todos os líderes mundiais estavam e estão olhando para Francisco, e sua "criancice" é que está ditando as regras que Deus quer fazer valer neste fim de mundo. A criança está em seu olhar, e por isso ele é "tão líder" que suscita o encanto, ou tem sido tão líder que suscita a esperança.

No tão melodioso mundo infantil (não é à-toa que os filmes e os teatros infantis têm tantas músicas), Francisco fez um longínquo coração escutar uma canção de Kate Bush onde o seu amor por um homem descobre, pasma, um sinal brilhante no rosto do seu amado, e o rosto de Francisco se iluminou naquela melodia. Sim. Ele é o homem com a criança nos olhos, e por isso tem uma presença tão forte e uma palavra tão decisiva. Ele será o grande marco da Igreja nesta Era, seja como um menino-velho, que transtornou tudo o que estava estagnado; seja como um velho-menino, que transformou tudo o que estava maduro nos frutos que Deus ama.


Prof. JV de Miranda Leão Neto - Perfil do Autor:
João Valente de Miranda Leão Neto é bacharel em Administração de Empresas, com pós-graduação em O&M. É bacharel em Teologia, com licenciatura plena em Ciências da Religião. É técnico em desenho de arquitetura, telefonia, mixagem musical e editoração de som. É pesquisador de paraciências e ufólogo, poeta e ex-articulista de jornais de circulação no Nordeste. É atualmente assistente administrativo do Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará.

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