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Vicente Alencar

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

REFLEXÕES SOBRE O AÇUDE CASTANHÃO

ESTE ARTIGO É A CONTINUAÇÃO DO ANTERIOR, INTITULADO "O AÇUDE CASTANHÃO E A CIDADE DE JAGUABARA", PUBLICADO NESTE MESMO BLOG NO DIA 07 DE AGOSTO ÚLTIMO. CÁSSIO


Veículo: Blog do Eliomar Data: 14/08/13 Tipo de mídia: Internet Link:
http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/em-tempos-de-seca-uma-reflexao-sobre-o-acude-castanhao/
 

Em tempos de seca, uma reflexão sobre o Açude Castanhão

Publicado: 14 de agosto de 2013 às 12:03 | Autor: Eliomar de Lima | Categoria(s): Brasil,Ceará, Economia, Política, Recursos Hídricos | 1 Comentário
 
Com o título “Reflexões sobre o Açude Castanhão”, eis mais uma contribuição do engenheiro Cássio Borges para este momento de estiagem que se registra no Estado. Diz ele: “Quanto mais me detenho neste assunto, cada vez mais fico convencido de que a acumulação de água do Açude Castanhão não deveria ter ultrapassado, de forma alguma, ao 1,2 bilhão de m3 (também indicado pelo DNOCS) que, inclusive, teria evitado a inundação da cidade de Jaguaribara.” Confira:  
 
Em face dos dois anos de secas (2012 e 2013) que castigam a região nordestina, é possível tirar-se algumas conclusões sobre o papel que vem desempenhando e que poderá desempenhar o Açude Castanhão para amenizar os efeitos catastróficos deste fenômeno caso tenhamos, no próximo ano, nova incidência climática desfavorável de igual magnitude. A meu ver, esta deve ser uma preocupação das autoridades competentes visto que, não faz muito tempo, tivemos três anos seguidos de secas, nos anos de 1991, 1992 e 1993, sem contar com outras que ocorreram em nossa região de maior duração.
Para que o leitor tenha uma ideia, já escrevi cerca de 300 artigos de jornais abordando temas desta natureza e em 1999 publiquei um livro intitulado “A Face Oculta da Barragem do Castanhão – em Defesa da Engenharia Nacional”, constituído de 331 páginas. Naquela publicação o leitor poderá reviver os 14 anos de discussão em torno desse empreendimento. Além destas valiosas contribuições para debater a problemática hídrica em nossa Região, publiquei nos Boletins Técnicos do DNOCS e em Simpósios da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, sete trabalhos técnicos os quais me deixam à vontade para dizer o que penso e o que acho, de forma independente, sobre o assunto em pauta, mantendo uma coerência de pontos de vista, através dos tempos, no transcurso de vários Governos, sejam a nível estadual ou nacional.
Inicialmente, desejo referir-me ao artigo “O Açude Castanhão e a Seca Atual”, publicado no Jornal “O POVO” no dia 22/03/2013. De acordo com as informações que me foram passadas pelo DNOCS, naquela ocasião estava sendo retirado do Açude Castanhão (incluindo a evaporação) uma vazão de 32,00 m3/s, da qual 17,47 m3/s destinada para vários fins, inclusive a irrigação. Graças a essa informação, com uma simples operação aritmética, foi-me possível estimar a vazão evaporada naquele momento como sendo de 14,53 m3/s, sem considerar o aporte da vazão (?), via perenização do Açude Orós, ao reservatório do Castanhão. Este valor da evaporação, da ordem de 15 m3/s, é maior do que o consumo de água da Região Metropolitana de Fortaleza que é de 6,5 m3/s.
Poder-se-ia justificar tão elevada evaporação o fato de que no local, onde o referido açude foi construído, não ter ombreiras (topografia favorável) para acumular tão colossal volume de água sendo necessária a construção de uma barragem com cerca de 10.000 metros de extensão. Para efeito de comparação, a barragem do Açude Orós tem 600 metros de comprimento e a do Açude Banabuiú, ambos no Ceará, 1.200 metros de extensão. Durante estes últimos 20 anos, a única vez que a RMF ficou realmente ameaçada de faltar água foi no ano de 1993 que sucedeu a dois anos secos, 1991 e 1992. Naquela ocasião, quem socorreu a capital cearense foi o Açude Orós enviando 5,00 m3/s de água através do Canal do Trabalhador construído, emergencialmente, pelo então Governador Ciro Ferreira Gomes.
Ressalte-se que os Açudes Orós e Banabuiú acumulam juntos 3,6 bilhões de m3, um volume bem superior aos 659 milhões de m3 de água acumulados nos quatro açudes que abastecem a RMF (Pacajus, Riachão, Pacatuba e Gavião). Portanto, os Açudes Orós e Banabuiú, estrategicamente localizados, podem dispor juntos de 23 m3/s para uma eventual crise de falta d´água em Fortaleza que, como acima foi dito, consume em média 6,5 m3/s. Neste início de ano, o DNOCS inaugurou o Açude Figueiredo, com 500 milhões de m3 de água, que será mais um significativo reforço para esta Região. O tradicional planejamento do DNOCS para o vale do Rio Jaguaribe constava o Açude Castanheiro, no Rio Salgado, em Lavras da Mangabeira. Seria uma bela barragem de apenas 40 metros de extensão. Eu disse, 40 metros. Sua vazão regularizada poderia ser da ordem de 9,00 m3/s, de acordo com o DNOCS. Sem dúvida, esta represa seria mais um reforço para a RMF. O Açude Castanheiro poderia acumular até 2 (dois) bilhões de m3 podendo ainda ser considerado o Açude Aurora, com 800 milhões de m3, também no Rio Salgado, no município do mesmo nome.
Além de todos estes fatores favoráveis ao abastecimento de água da Região Metropolitana de Fortaleza-RMF, não se pode esquecer os 8,00 m3/s contínuos que serão destinados ao Estado do Ceará, através do Rio Jaguaribe, pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco. Em face do que foi exposto, quanto mais me detenho neste assunto, cada vez mais fico convencido de que a acumulação de água do Açude Castanhão não deveria ter ultrapassado, de forma alguma, ao 1,2 bilhão de m3 (também indicado pelo DNOCS) que, inclusive, teria evitado a inundação da cidade de Jaguaribara.
 
* Cássio Borges
Engenheiro civil e especialista em recursos hídricos e barragens.
 





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