Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Discurso da colação de grau Profa. Dra. Ana Paula de Medeiros Ribeiro

Magnífico Reitor, Professor Jesualdo Pereira, em nome de quem saúdo os ilustres
ocupantes da mesa
Queridos formandos
Prezados pais e familiares
Senhoras e Senhores

Nesta límpida noite de agosto, diante de tão seleta plateia, venho confessar minha profunda emoção, deflagrada pela honra de representar o corpo docente desta Universidade para proferir, aos queridos formandos, sentimentos disfarçados em palavras. Jean Piaget, certa vez, falou: “Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais razão, não morre o educador, que semeia vida e escreve na alma". Desse modo, queridos formandos, por termos, nós, professores, a sublime oportunidade de escrevermos em vossa alma, peço-vos que me concedais apenas mais uma página nesta noite.

Permiti-me iniciar falando de minhas lembranças quando, assim, jovem como vós, assistia atenta à cerimônia de minha colação de grau. Lembro-me de que a emoção corria feito rio em minhas veias, inundando meu coração de esperanças e de saudades. Preparei-me ao longo de anos e, na universidade, adentrei em um mundo diferente de saberes e descobertas, vivi alegrias, angústias e mastiguei areias. É difícil a vida de estudante! Como eu me sentia aliviada naquela noite de formatura! Todavia, paradoxalmente, naquele momento, ao mesmo tempo em que suspirava aliviada, meu peito ardia de saudades. É difícil entender o coração de um jovem estudante! Até o poeta Milton Nascimento o descreveu como um enigma: “Quero falar de uma coisa, adivinha onde ela anda, deve estar dentro do peito ou caminha pelo ar”. Imaginais, meus queridos formandos, onde estava o meu coração naquele exato momento? Não. Ele não estava dentro do peito. Ele caminhava pelos corredores dos blocos didáticos, pelas salas de aulas, pelas bibliotecas e embaixo das mangueiras, ao ar livre, conversando com muitos outros corações ao som do dedilhar de um violão. Era lá que meu coração estava!

A cerimônia findou e foi chegada a hora de traçar concretamente os meus planos profissionais. Saí, com entusiasmo e segurança, em busca do meu emprego. A caminhada não foi fácil. Fui professora de escola pública por doze anos e vivenciei muitos problemas que me fizeram refletir sobre o lugar em que eu estava. Desse modo, meu coração me dizia que eu poderia ser mais útil em outro espaço, com outro público, realizando outros trabalhos. Foi, então, que decidi que poderia voar mais alto, buscando contribuir na formação de novos professores. Retornei aos estudos, envolvi me em grupos de pesquisa, projetos de extensão, fiz Mestrado, Doutorado e hoje sou, orgulhosamente, professora efetiva do Departamento de Teoria e Prática do Ensino, da Faculdade de Educação. É lá que, agora, meu coração está. 

Queridos formandos, esta lembrança que aflorou em mim e que quis dizê-la nesta noite foi somente para reforçar que todos nós, que hoje aqui estamos, na condição de professores, também passamos por esse momento sublime e tivemos praticamente as mesmas emoções, temores e sensações que vós estais vivenciando agora. 

Por isso, queridos formandos, deixai livre o vosso coração. Não o aprisioneis. Procurai ouvi-lo e segui-lo. Procurai os vossos motivos, aquilo que vos mobiliza, que vos
inquieta e que vos satisfaz. Acreditai em vosso talento e formação, pois carregais, tatuada em vossa alma, a marca de uma das mais sólidas instituições de ensino do Brasil: a Universidade Federal do Ceará.

Em nome dos meus colegas professores desta nobilíssima instituição, saúdo e parabenizo os formandos do curso de Direito, de Biblioteconomia, das Ciências Sociais, de História, de Letras, de Psicologia, das Ciências Econômicas, da Administração, das Ciências Atuariais, das Ciências Contábeis, do Secretariado Executivo e da Pedagogia.

Quanta felicidade! Clarice Lispector, em certo poema, asseverou:
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas
vidas.

Olhai para os lados, queridos formandos, vede quanta gente passou por vossa vida e vos deixou marcas indeléveis. Buscai reconhecer o esforço e carinho, sobretudo, de vossos pais e familiares que hoje partilham convosco dessa emoção.

Queridos concludentes, nesta noite, vós estais dando um grande passo rumo à nova etapa de vossa vida. Sede firmes, éticos e sensatos nas decisões, sede justos e humanos nas relações e, sobretudo, amai os estudos e vossa profissão. Eis o meu conselho.

Com as palavras do grande gênio Albert Einstein, retoco as últimas linhas desta página que hoje escrevi em vossa alma: “Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer”.

Ide e sede felizes!

Muito obrigada!

Profa. Dra. Ana Paula de Medeiros Ribeiro
Faculdade de Educação – UFC
Fortaleza, 9 de agosto de 2013

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