DESILUSÃO
Meu verso é um lago onde erram, doloridas,
à hora em que a luz do sol morre em palores,
sombras de árvores velhas, esquecidas,
que morreram sem frutos e sem flores.
No apagado cristal em que, diluídas,
se debruçam, tristonhas e incolores,
semelham, no ermo espelho refletidas,
passadas ilusões de meus amores...
Mal sabeis vós que o lago nunca estanque
de que vos falo é o doloroso tanque
do pranto amargo que fazeis verter
todo o meu coração desiludido,
neste inferno de amor incompreendido
que se eterniza no meu próprio ser!
OTACÍLIO DE AZEVEDO
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