Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 26 de maio de 2022

POESIA CEARENSE 26/05/2022

 UM FELIZ DESTINO


Eu falo para os senhores

Que nasci para cantar

Muito embora em meu lugar

Fui o rei dos cantadores

Enfrentei opositores

Saí como campeão

Assumi a profissão

Com o melhor desempenho

Ao morrer sei que não tenho

A quem passar meu bastão.


Eu tive filhos bastante

Nenhum quis ser cantador

Um deles quis ser doutor

O outro comerciante

Se eu morrer, qualquer instante

Nenhum me tem como guia

Um rio de poesia

Pelo deserto se perde

Porque não tenho quem herde

O bastão da cantoria.


Dou a verdadeira prova

Que é um dom a cantoria

O Jocélio, o Zé Maria,

Os pais viveram da trova

Ivanildo Vila Nova

É filho de Zé Faustino

E, Moacir Laurentino

Foi com o pai que aprendeu

Nenhum filho meu nasceu

Com esse feliz destino.


No dia que eu me ausentar

De minhas atividades

Deixarei minhas saudades

Às aves do meu pomar,

Elas sabem que cantar

É sintoma de alegria,

O bastão da cantoria

E a minha vida feliz,

Deixarei aos bem-te-vis

Que cantam ao nascer do dia.


      Alberto Porfírio da Silva

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