Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LUCIANO CARNEIRO – FOTOJORNALISMO E REPORTAGEM (1942-1959)

 

LUCIANO CARNEIRO – FOTOJORNALISMO E REPORTAGEM (1942-1959) 

Artista: Luciano Carneiro 
Organização: 
Sergio Burgi 

Em sua breve e profícua carreira como fotojornalista, o cearense Luciano Carneiro (1926-1959) documentou eventos históricos que marcaram a década de 1950, como a Guerra da Coréia e a Revolução Cubana. Também produziu grandes reportagens sobre aspectos da realidade brasileira, de conflitos fundiários a atos estudantis.

Nascido em Fortaleza em 1926, Luciano Carneiro teve uma trajetória rápida e abrangente. Aos 16 anos, iniciou sua carreira no Correio do Ceará. Em 1948, ingressou na revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro, onde se consagrou como fotojornalista. Além de produzir as imagens, muitas vezes assinava os textos das matérias. Ao longo de 11 anos de atividade na revista, cobriu temas brasileiros e internacionais, viajando do Japão à União Soviética, do Egito de Nasser à Iugoslávia de Tito. Em 1959, aos 33 anos, sua trajetória foi interrompida bruscamente, quando faleceu em um acidente de avião, no retorno de um trabalho em Brasília.

Este livro é o primeiro a percorrer de forma abrangente a carreira e obra de Carneiro, cujo acervo está, em parte, sob a guarda do IMS. A publicação reúne mais de 170 imagens e cerca de 35 matérias. Também apresenta uma cronologia detalhada da vida do fotógrafo. O material exibido no livro provém do acervo de Carneiro, sob a guarda do IMS, e dos arquivos da revista O Cruzeiro, hoje parte do acervo do jornal Estado de Minas.

Na equipe de O Cruzeiro, Carneiro atuava ao lado de uma nova geração de fotógrafos como José Medeiros, Flávio Damm e Henri Ballot. Inspirados no chamado fotojornalismo humanista, que surge no pós-guerra com nomes como Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, buscavam construir narrativas críticas, com o teor autoral e engajado com as questões sociais.

Foi com essa perspectiva, em um contexto de Guerra Fria marcado pela polarização, que Carneiro rodou o mundo. Uma de suas principais coberturas – que ganha destaque no livro – foi a da Guerra da Coréia. Em 1951, conseguiu obter credenciais para entrar no país, tornando-se, com apenas 25 anos, um dos únicos repórteres sul-americanos a cobrir o conflito. Carneiro publicou um total de 10 matérias sobre a guerra. Fotografou Seul destruída, acompanhou tropas turcas e colombianas, retratou militares feridos, prisioneiros de guerra e civis em fuga. Também foi um dos quatro correspondentes que saltou de paraquedas ao lado do exército americano sobre as linhas inimigas na Coreia do Norte.

A publicação também destaca a cobertura da Revolução Cubana. No início de 1959, Carneiro acompanhou os momentos finais da queda do regime de Fulgêncio Batista. O fotógrafo documentou a entrada de Fidel Castro em Havana, entrevistando o líder revolucionário e outros dirigentes. Também testemunhou os julgamentos e fuzilamentos de oficiais da repressão do antigo regime. Em maio de 1959, registrou a visita de Castro a Brasília, onde o líder cubano foi recebido por Juscelino Kubitschek.

 

 

SERGIO BURGI

Formado em Ciências Sociais pela USP em 1981, ano em que ingressou no curso de Mestrado em Conservação Fotográfica da School of Photographic Arts and Sciences, do Rochester Institute of Technology (EUA) onde obteve em 1984 os diplomas de Master of Fine Arts in Photography e Associate in Photographic Science pelo Rochester Institute of Technology. Foi coordenador do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da FUNARTE entre 1984 e 1991.

É membro do Grupo de Preservação Fotográfica do Comitê de Conservação do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e desde 1999 coordena a área de fotografia do Instituto Moreira Salles, principal instituição voltada para a guarda e preservação de acervos fotográficos no Brasil.

 

Abraço fraterno,

 

Dorelland Ponte Lima

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