AS ELEIÇÕES AMERICANAS
As eleições americanas merecem atenção.
Inicialmente observamos a discrepância entre pesquisas eleitorais e resultados
nos últimos vinte anos. O sistema de vitória obtida pelo peso dos estados,
podendo haver discrepância entre os votos populares e o resultado da ponderação
federativa não é desculpa. Nas cinco últimas eleições isso só aconteceu uma
vez. Tal divergência de resultados só ocorre se a diferença entre os votos
populares for mínima. Dentro de espaços onde só se contam os votos populares as
pesquisas reiteradamente têm errado por larga margem. Anunciaram vitória
democrata, desta vez, desde 12% até 17% em circunscrições diferentes. Não é
erro. Não é incompetência. É manipulação. É dolo. A diferença é muito grande e
se repete, invariavelmente beneficiando o mesmo lado. A votação teve diferenças
de menos de 2% onde previam 12 ou até 17%.
A imprensa foi derrotada. Apesar do
resultado desfavorável para Donald Trump, cerca de 40% dos votos de negros,
latinos, mulheres e LGBT sufragaram o republicano. É a maior votação de um
republicano entre estes grupos identitários desde 1960, depois de quatro anos
de campanha constante do ativismo da imprensa acusando o presidente de racista,
homofóbico e sexista.
O partido Democrata tornou-se uma
agremiação vinculada aos grupos de contracultura, defendendo a revolução dos
costumes, uma mudança cultural forçada. Vinculou-se aos grupos ideológicos que
pretendem uma reengenharia social, sempre inclinados ao uso de violência em
manifestações e ao assassinato de reputações. A agressividade destes grupos
despertou o sono letárgico dos conservadores.
O processo eleitoral dos EUA segue o forte
federalismo americano, o que o faz complexo. A vitória distribuída pelos
estados, ponderando o peso relativo das unidades federadas é saudável para a Federação.
A legislação por estado, todavia, complica o processo. Votação pelo correio é
extremamente vulnerável à fraude. Funcionava bem no contexto cultural com algum
resquício do puritanismo do início da colonização que não existe mais (ver
Vianna Moog 1906 – 1988, na obra “Bandeirantes e pioneiros”). Al Gore pediu, em
2000, recontagem diversa da obrigatória em alguns estados, quando a diferença é
muito pequena. Não foi considerado escândalo. Era um ambientalista, adepto da
mudança cultural forçada pelos “esclarecidos”, com o desprezo pelos
“ignorantes” que isso supõe, invocando em vão o “santo nome da ciência”, como
se ela fosse unívoca no campo dos valores e fenômenos históricos. Agora os
republicanos estão
querendo algo mais: a verificação de fraudes como votos de cadáveres. É recurso
previsto em lei, exercício regular de um direito. Mas a incomunicabilidade dos
paradigmas (Thomas Kuhn, 1922 – 1996) leva pessoas inteligentes e cultas a perceber
uma tentativa de golpe.
A divisão da sociedade é
evidente. Há um certo equilíbrio da votação de ambos os lados. A mudança da
agenda política adicionou costumes; o patrulheirismo exercido sobre o
vocabulário; a intimidação com agressões que classificam a moral conservadora
como fascismo, sexismo e ignorância, impondo o multiculturalismo do tipo
diferencialista (racismo reverso), negando aos cidadãos sem antecedentes
criminais o direito a um meio de defesa (invertendo a presunção de inocência)
incendiaram a sociedade. Uma parcela dos conservadores acordou do sono
letárgico. O catecismo progressista na imprensa e nas escolas, das
universidades ao ensino fundamental, têm agora a resistência das redes sociais.
A moderação manipuladora enfrenta dificuldades.
Fortaleza, 9/11/20.
Rui Martinho Rodrigues.
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