Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POR QUE, NO NOVO ANO, CONTINUAR ACREDITANDO EM DEUS?

POR QUE, NO NOVO ANO, CONTINUAR ACREDITANDO EM DEUS?
MARCAS DO QUE SE FOI – SONHOS QUE VAMOS TER!
 
Nós, os monges, acolhemos o novo ano após uma Vigília, seguida da Bênção do Santíssimo!
Do refeitório, para uma breve ceia, era possível ouvir os fogos e contemplar os raios de luz que invadiam os céus da Ilha do Governador, de Niterói – e quase sentir os reflexos dos de Copacabana!
E ficamos nós sem orla, sem fogos, sem família, sem amigos – tudo de longe!
Deixamos livremente as coisas boas para anteciparmos no claustro a vida futura (Mt 19,27-30).
Diante dos nossos olhos apenas o mistério vivido na oração recém terminada.
E assim os primeiros minutos do novo ano foram recebidos pelo Santíssimo Sacramento exposto,
depois elevado ao alto como raios de uma Luz que não se apaga, Luz nascida no coração da noite de Belém!
Na clausura beneditina tudo é diferente! Há ritual, nunca coreografia! Há luzes, não fogos! Há mistério, menos revelação!
Há vigília, menos espera! Há recolhimento, não isolamento! Há oração, adoração, contemplação, não apenas palavras, curiosidade, emoção passageira!
De hábito preto, não branco, contemplávamos da janela do austero refeitório o modo como o mundo acolhia o início do novo ano!
Não estamos diminuindo os valores do nosso tempo, até porque há arte e beleza no brinde -, apenas refletindo sobre lados quase paradoxais do olhar, do sentir, do viver, do existir!
Eis o novo ano: os segundos, os minutos, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos, a vida, a história – o tempo!
Eis o tempo: rotineira sucessão de começo e fim presidida pelo nascer e pelo pôr do sol!
Não há homem, sábio ou talentoso, capaz de dominar, conter ou acelerar o amanhecer, o entardecer, o anoitecer, o amanhecer de novo –eis o mistério do tempo!
Eis o tempo! Tão previsível, quanto surpreendente! Tão antigo, quanto novo! Tão longo, quanto breve! Tão prazeroso, quanto ingrato!
Uns dizem que ele é dinheiro, que é breve, que voa, que escorre entre os dedos...
Outros gostariam de tê-lo mais, ou tê-lo de volta, ou de evitá-lo em alguma circunstância da vida, ou de voltar atrás no tempo para fazer algo diferente!
No olhar e no ritmo dos monges, tudo tem seu tempo (Ecl 3).
Eis uma verdade singular: tudo tem seu tempo, tudo tem sua hora, tudo tem seu momento!
E mais um ano nos é dado! Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter!
Sim, todos ficamos com marcas e conquistas positivas do ano que termina!
Certamente tivemos algumas perdas e marcas menos prazerosas, além de incompreensões, erros, equívocos, solidão, incertezas, dúvidas, frustrações...).
Queremos um mundo perfeito, e como nos custa perceber a crescente ciranda da maldade, do desrespeito, da indiferença, da destruição de sonhos, de tanto desamor...
Vale assim continuar acreditando em Deus?
- Convém  renovar a fé e acreditar que a força do bem é maior que tudo isso!
- Não há jogo perdido, a não ser quando deixamos de lutar!
- Valorize os detalhes e as coisas pequenas!
- Não se deixe dominar totalmente pelas exigências do dia – coloque-se acima delas com critério, delicadeza, e muito cuidado!
- Um dia pode ser o mais difícil de todos! Mas, uma boa confissão ou uma conversa simples com alguém que Deus nos deu faz enorme diferença, e nos refaz!
- Recupere o prazer das coisas simples e do que é essencial!
- Cultive a intuição que há dentro de você – ela não precisa passar por cima das leis, dos dogmas ou da ciência –, mas ir além deles para descortinar o mistério e o bom senso!
- Procure mais a senhora fé e a dama paciência (Lc 21,19). Ambas são essenciais, assim como o senhor tempo, na aventura da existência e do caminhar nas estradas dos dias!
- Quem sabe no novo ano conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deuse viver com alegria (Papa Francisco). 
São Paulo fala de uma paz que supera todo o entendimento (Fl 4,6-7).
Que esta paz habite em seu coração e se faça presente em sua jornada 2014! 
Feliz Ano Novo - um novo tempo, apesar dos perigos!
Vale, sim, continuar acreditando em Deus!
Ficaremos na clausura beneditina valorizando o essencial: glorificando a Deus; nada antepondo ao amor de Cristo (Regra 57,9; 4,21) – e rezando por você!
Com uma bênção,
D. Filipe.
 

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