Enviado por Ruy Fabiano -
11.01.2014
|09h16m
POLÍTICA
Ideologia e moralidade, por Ruy Fabiano
Há momentos na história em que o espírito de uma nação – mais especificamente de sua classe letrada – se revela por inteiro.
É o que ocorre no episódio do Mensalão. Inicialmente, não se esperava que dele nada resultasse, o que, por si só, já revela algo de substantivo a respeito de nossa cultura.
Dentro dela, não é comum – para não dizer que é inédito - que pessoas influentes paguem por seus crimes. A maioria da opinião pública, pois, estava cética em relação ao destino dos mensaleiros. Seriam inocentados e, em breve, estariam de volta.
Deu-se, porém, o contrário: foram presos. Na reação à prisão, sustentada por amplos setores da intelectualidade e do meio artístico, tem-se um retrato da moralidade do país.
A hostilidade nas redes sociais e nos jornais a Joaquim Barbosa deixa claro que, acima da moral, está a ideologia. Ou por outra, sem ideologia - de esquerda, claro - não há moral.
“Aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da lei”, sustentava Getúlio Vargas. A solidariedade a José Genoíno, em face de sua enfermidade, não se estendeu a outro condenado, mais enfermo que ele, Roberto Jefferson, que padece de um câncer irreversível.
Roberto Jefferson, delator e condenado do mensalão
Está mais enfermo, mas não é da turma. Não merece compaixão. Criou-se, no Mensalão, a figura esdrúxula do delito ideológico. O roubo de esquerda é legítimo; o de direita, não.
Tal distorção já vigora há tempos em relação aos direitos humanos: um preso político em Cuba merece o que recebe; num regime militar de direita, não.
Leia a íntegra em Ideologia e moralidade
Ruy Fabiano é jornalista.
Um comentário:
É vergonhoso como criminosos de alta periculosidade, como os mensaleiros, que cometeram crimes hediondos contra os princípios republicanos e a democracia ainda sejam tratados como coitadinhos ou vítimas. Se herói há entre esses bandidos não resta dúvida que será Roberto Jefferson, que de tanta imoralidade embutida nos crimes denunciou a trama. Mas o pior de tudo é que o grande mandante, o CHEFE, como foi intitulado em livro, se encontra rindo e tripudiando de tudo e de todos. QUE PAÍS É ESTE!
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