Médico Neurologista e Advogado
Legal – pensei – pelo menos não vai ficar no chão. Soro ligado, não temos suporte, surge mais um colega cubano que se dispõe a ficar segurando o soro, uma espécie de pedestal vivo. Paciente em franca insuficiência respiratória, sem respirador artificial, eis que surgem mais três prestativos cubanos e, dois passam a fazer respiração boca a boca em revezamento, enquanto um terceiro, sem retirar a mão do pulso do paciente, passa a monitorá-lo, dizendo “bip” a cada batimento cardíaco. Outro, muito prestativo (eles são amabilíssimos) cortou sua camisa para que pudéssemos utilizá-la como gaze.
Bip, Bip, Bip e, felizmente, graças aos colegas cubanos, o paciente e todo o sistema de saúde brasileiro foi salvo.
João Santana, o marqueteiro oficial, já está providenciando os filmes que serão usados na próxima campanha. Médicos cubanos atendendo (e salvando) criancinhas miseráveis enquanto os médicos brasileiros, filhinhos-de-papai, se recusaram a fazê-lo. Os “colegas” desembarcaram nos aeroportos todos em reluzentes aventais brancos e cruzaram a alfândega ao som de we are the champions recebidos por militantes do PT e flashes da imprensa – show de marketing! Os prefeitos logo irão inaugurá-los. Sim haverá discurso, banda e corte de faixa nos postos de saúde caindo aos pedaços. Cubanos estão acostumbrados, Cuba está caindo aos pedaços.
A verdade é: Nossos pacientes continuam morrendo não porque faltam médicos, o que falta mesmo são equipamentos, medicamentos, UTI e, principalmente, inteligência, competência e honestidade para desenvolver um sistema de saúde decente!
O que não nos agrada é o Dr. Padilha querer colocar o fardo do desastroso sistema de saúde brasileiro em nossas costas – este o principal problema e motivo de nossa indignação.
Brasília tem a maior concentração de médicos do país, o Rio de Janeiro a segunda e, em ambas as cidades, a saúde pública é um caos. O problema é a falta de médicos? Lá sobram médicos e a saúde é um lixo.
Falta médico no interior do norte e nordeste é verdade. E nunca haverá médico (fixo) num lugar em que a esposa não tenha onde trabalhar, não exista uma escola decente para matricular os filhos, não haja convívio social ou cultural e o esgoto corra a céu aberto. Nestes locais o problema só se resolve à força (com médicos cubanos) ou contratando empresas (iniciativa privada) que enviem equipes em sistema de rodízio semanal.
Bem, voltando aos cubanos, sinceramente, acho que nossa classe comete grave erro repudiando sua chegada e dificultando o registro nos CRMs.
Devemos fazer exatamente o contrário, lutar por eles, afinal eles não tem opção. Cuba é uma ditadura e o governo brasileiro resolveu financiá-la. Os médicos são apenas escravos de Raul e Fidel. Seus filhos e cônjuges lá ficaram como reféns para que nenhum tenha a infeliz ideia de aqui solicitar asilo político.
Devemos lutar para que eles tenham um CRM definitivo e não provisório. Assim estarão livres para exercer a medicina em sua totalidade em nosso país. Também devemos exigir que tragam suas famílias, que possam aqui conviver, criar e educar (em escolas públicas) seus filhos. Que exista emprego para seus cônjuges de modo que possam trabalhar nos mesmos locais em eles trabalham...
Logo que tenham um CRM definitivo, podendo escolher como qualquer ser humano que vive numa democracia, onde trabalhar, quando puderem receber um salário digno de um médico, quando puderem ir e vir sem pedir autorização ao governo, quando puderem deixar de morar em alojamento, logo deixarão de trabalhar nos locais “designados” e mudar-se-ão para onde exista condição de trabalho, condição para viver, uma internet, um convívio cultural e principalmente, onde existam escolas minimamente decentes para seus filhos.
Então pipocarão pedidos de asilo político e saberemos quantos vieram por vocação e quantos vieram por obrigação. E o governo terá mais um abacaxi diplomático para descascar, desta vez com os irmãos Raul e Castro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário