A OPORTUNIDADE PERDIDA
O município de Maracanaú foi escolhido
para sediar um projeto de segurança pública. Trata-se de ação
interinstitucional, com a participação da União, Estado e Município. Estava em jogo
um investimento vultoso, algo como duzentos milhões de reais. Além da ação
policial, na forma de enfrentamento do crime, havia, no conjunto do plano, a
previsão de iniciativas de natureza social. Consta até que dois colégios
militares estavam entre as metas. Maracanaú perdeu o projeto. O investimento
agora será em Paulista, cidade da Região Metropolitana de Recife. A perda é das
mais sensíveis. A segurança pública em nosso Estado encontra-se em péssima
situação. A Área metropolitana de Fortaleza apresenta índices alarmantes de
criminalidade violenta. Os recursos do Estado não são abundantes. A perda faz
muita falta.
Diante do prejuízo, surgem as indagações
de sempre: como isso pode ter acontecido? Quais foram foram os motivos do
redirecionamento do plano para a cidade pernambucana? A suspeita de influências
de natureza partidária e até pessoal foram aventadas. Mas se o Ceará tem um
governador filiado ao PT, o governador de Pernambuco é integrante do PSB, que
também é partido de oposição ao governo Federal, isto é, encontra-se na mesma
situação que o Ceará, quanto a este aspecto. Outra suspeita foi levantada
contra o Secretário Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça, o general
Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, cearense. Teria um alencarino
interesse em prejudicar o seu Estado natal? Qual seria a motivação? O general
foi candidato ao governo do Ceará, tendo disputado com o governador Camilo
Sobreira de Santana. A acusação é de antogonismo com o governador. Mas se
antagonismo fosse a motivação seria no sentido de trazer o investimento para o
nosso Estado, fortalecendo a liderança de um prefeito rival do governador.
Um dos argumentos assacados contra o
general era exatamente o de que o objetivo seria fortalecer Maracanaú,
município governado por lideranças que se opõem ao governador. Trata-se de um
argumento que destrói a ele mesmo. Caso fosse esse o propósito o investimento
teria sido mantido. O processo judicial conhece a figura da reconvenção, pela
qual o polo passivo da ação pode formular acusação contra o polo ativo,
trnsformando-o igualmente em réu. Cabe a analogia: o general pode “reconvir”,
acusando quem o acusa. Diria o general: as dificuldades ou o descaso do governo
do Estado diante da iniciativa que beneficiaria Maracanaú, seriam apenas para
prejudicar politicamente o prefeito adversário. Temos aí uma suspeita amparada
em fatos objetivos, tais como a ausência do governador no encontro com o enviado
da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Só depois que a Secretaria
aludida, desde Brasília, procurou contato com o governador, não sendo atendida,
é que o titular da SSPDS compareceu ao encontro de trabalho com o representante
da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O governador cearense indagou, em
correspondência oficial, em face do projeto, quais seriam os critérios para a
escolha do município de Maracanaú. Critérios integrantes dos projetos são
postados publicamente nos endereços eletrônicos dos ministérios e suas
respectivas secretarias. A indagação assume contornos de pergunta retórica,
tendo mais o sentido de afirmação do que de interrogação. Certamente o
esmagamento da oposição no Ceará pelo governo, deixa o governador alerta em
face da possibilidade de uma ação semelhante por parte de Brasília.
Fortaleza, 08 de abril
de 2019.
Rui Martinho Rodrigues.
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