José Américo e eles
Geraldo Duarte*
Dentre acima de dez festejadas obras, José Américo de Almeida (1887-1980) publicou, em 1970, o livro “Eu e Eles”.
Tratou de vivências pessoais, sociais e funcionais, como bacharel em Direito, promotor público, governador da Paraíba, senador da República, ministro de Estado, ministro do Tribunal de Contas da União, escritor e integrante da Academia Brasileira de Letras.
No título Confissões, discorreu acerca de atitudes éticas exemplares, algumas bem representativas de uma personalidade sempre autêntica.
Quanto ao perdão, registrou: “O ódio humanizou-me, oferecendo-me oportunidade de perdoar, o que mais tenho feito em minha vida. Perdoar não é esquecer e sim voltar ao passado.”.
Falando sobre pecúnia: “Só dou valor ao dinheiro quando me falta.”.
Presentes recebidos? “Quando fui senador pela primeira vez, fez-se uma subscrição para dar-me um automóvel, por iniciativa de Epitacinho, filho de João Pessoa. Já estava comprado e recusei.”.
Também expressou: “Senadores e deputados trocavam seus mandatos por uma acomodação qualquer.”.
Afirmou que um dia tentaram suborná-lo, como membro do Tribunal de Contas. “Um barbudo tinha um processo para julgamento e cochicou-me: ‘Dou-lhe um agrado’. Com a cara mais alegre deste mundo admiti a corrupção: Aceito. E, antes que ele metesse a mão no bolso, disse o que desejava: Sua barba. Precisarei de uma vassoura para a limpeza da casa depois disso.”.
E num pensar chamativo: “Não fui eu que falhei: foi o Brasil que estava surdo. Tudo o mais é história mal contada.”.
E continua a maioria dos políticos fazendo ouvido de mercador e dando bananas para o povo.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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