NÃO ERA A ECONOMIA?
A inflação brasileira alcançou níveis
civilizados. Os juros são os mais baixos já vistos por toda uma geração de
brasileiros. A economia volta a crescer, sinalizando o fim da recessão em menos
tempo do que em Portugal, Grécia, Espanha e outros países que viveram uma crise
semelhante. Até o desemprego parou de crescer e começa a declinar mais cedo do
que se esperava, por ser sempre a última coisa que se recupera após uma
recessão. A lavoura apresenta um volume de produção extraordinariamente
elevado, valendo-se mais do aumento de produtividade do que do aumento da área
plantada. A balança comercial tem obtido resultados favoráveis, aumentando
ainda mais as já expressivas reservas de divisas.
É a economia que determina o humor dos
eleitores? Não, todo determinismo é equivocado. A economia é um fator
politicamente importante. Não tem, todavia, o poder de influenciar, sozinha, a
política. Todos os indicadores econômicos favoráveis não evitam o recorde
negativo de popularidade do presidente. A recuperação econômica inevitavelmente
é lenta e o eleitorado não compreende isso. A cegueira dos paradigmas faz com
que até pessoas letradas e bem informadas achem compreensível que treze anos de
governo petista não tenha sido suficiente para equilibrar o endividamento
herdado do governo FHC, apesar da economia mundial ter ajudado, mas acham
imperdoável que dois anos não sejam suficientes para a recuperação plena da
economia brasileira.
As reformas são outro fator importante
para a formação da opinião pública ou publicada, como diria Churchill (1874 –
1965), conjunto complexo de variáveis que escapam ao entendimento da maioria
dos brasileiros; contraria a ideologia hegemônica; fere poderosos interesses
corporativos; necessariamente retira vantagens, pois não se faz ajuste de
contas sem dor. As redações ideologizadas das redações da grande mídia,
escolas, parte significativa do clero e demais formadores de opinião, não
compreendendo ou mentindo deliberadamente, fazem campanha contra a economia
ortodoxa, a única que dá resultado. A elite suicida permite que as suas
empresas de comunicação ou por ela financiada com os seus anúncios, assim como
as escolas onde os seus filhos estudam sejam aparelhadas.
Foi criado, apesar de
tudo, o teto de gastos, que talvez não seja possível implantar, devido a
situação calamitosa das contas públicas e aos problemas políticos. As reformas
administrativa, tributária e previdência não foram feitas. Mas nem um mágico as
faria, nas atuais circunstâncias. A corrupção generalizada do mundo político
impacta fortemente na popularidade do governo, envolvendo a pessoa do
presidente e dos seus colaboradores mais próximos. O Macunaíma está revoltado
com as práticas políticas, ainda que a economia apresente melhoras.
Fortaleza, 21 de
fevereiro de 2018
Rui
Martinho Rodrigues
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