Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 1 de junho de 2016

ANTERO DE QUENTAL, 125 ANOS DE MORTE

Antero de Quental

por FERNANDO MOURA PEIXOTO (ABI 0952-C)
[Deferência especial para o Mundo Botafogo]

“O suicídio é um cansaço. Há um momento em que, após lutar desesperadamente, o homem não consegue mais prosseguir. Esta superação do instinto pela luta é que gera o suicídio. Não considero aceitável, mas compreendo.”

– JOSUÉ MONTELLO (1917-2006)

Em 2016 celebram-se os 125 anos de falecimento de Antero Tarquínio de Quental (1842-1891), que forma, juntamente com Luís Vaz de Camões (1524-1580) e Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), a trindade maior dos sonetistas portugueses. E comemoram-se também os 174 anos de nascimento de ’Santo Antero’, como o chamava o escritor José Maria de Eça de Queiroz (1845-1900), seu compatriota e contemporâneo.

Luiz de Camões

“Surgir! ser astro e flor! onda e granito! / Luz e sombra! atração e pensamento! / um mesmo nome em tudo está escrito – // Eis quanto me ensinou a voz do vento.” (‘Panteísmo’)

Homem de gênio, pensador político, poeta filosófico, socialista místico e líder da mocidade acadêmica lusa de sua época – a ‘Questão Coimbrã’ e o movimento da ‘Geração de 70’ –, Antero de Quental nasceu em 18 de abril de 1842.

“A meus olhos, és baça e lutuosa / E amarga ao coração, ó luz do dia, / Como tocha esquecida que alumia / Vagamente uma cripta monstruosa...” (‘Hino da manhã’)

Bocage

Formado em Direito no ano de 1864 pela Universidade de Coimbra, e um dos fundadores do Partido Socialista PortuguêsAntero de Quental pôs fim à vida na noite de 11 de setembro de 1891, aos 49 anos, após forte crise nervosa – era portador de distúrbio bipolar.

“Funérea Beatriz de mão gelada... / Mas única Beatriz consoladora!” (´Elogio da morte’)

Depois de adquirir um revólver Lefaucheux numa loja de quinquilharias, o poeta cometeu suicídio, disparando duas vezes na cabeça, sentado em um banco, defronte ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, no Passeio Público (Campo de São Francisco), na cidade de Ponta Delgada – sua terra natal –, capital da paradisíaca Ilha de São Miguel (cognominada ‘a Ilha Verde’), nos Açores.

Eça de Queiroz

No muro, um pouco acima dele, em um dístico de pedra lavrada, sobreposta a uma âncora, via-se escrita a palavra ‘Esperança’.  Era tudo o que tinha almejado – um porto seguro, muita paz e, sobretudo, esperança.

“Na mão de Deus, na sua mão direita, / Descansou afinal meu coração. / Do palácio encantado da Ilusão / Desci a passo e passo a escada estreita // Dorme o teu sono, coração liberto, / Dorme na mão de Deus eternamente!” (‘Na mão de Deus’)

– ANTERO DE QUENTAL (1842-1891)

Texto: FERNANDO MOURA PEIXOTO; Imagens: Reprodução Internet.

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