Inclinação para a Música
Januário Bezerra
A vocação da Itália para a música
é indiscutível. O tempo passa e mais e mais isto se constata, sobretudo a
partir da facilidade midiática posta à disposição com a Internet. Assim, Giuseppe Verdi
e Giacomo Puccini, por exemplo, na galeria sagrada da legítima arte italiana têm
a merecida companhia de Tito Schipa e Luciano
Pavarrotti, para citar apenas estes artistas que, de certa forma, sugerem
sucessiva presença no proscênio, em se tratando da música. A própria Natureza,
ao que parece, em momento de cumplicidade com a beleza, teria induzido a
realização, nas milenares Termas de Caracala, em Roma, a 7 de julho de 1990, o
Concerto dos Três Tenores, com a Orquestra do Teatro dell’Opera di Roma, sob a
regência de Zubin Mehta. Tal espetáculo, documentado em mais de dez milhões de
cópias fonográficas comercializadas pelo mundo, foi considerado o concerto do
século. Ao rol de características excepcionais desta mega produção há de se
acrescentar, por oportuno, a nobreza do gesto de sua realização, porquanto se
constituiu no ponto alto das comemorações da cura do espanhol José Carreras,
então inteiramente restabelecido da leucemia que o acometera.
Mas, não
somente a Itália teria vocação musical. O famoso Trinity College of London, que
em 1877 começou a oferecer exames de música para alunos externos e ao longo do tempo passou
a aplicar provas em outras áreas das artes do espetáculo, significa o esforço do povo bretão na prática e
divulgação do belo, com o intuito de seguir as pegadas do genial Guido d’Arezzo,
organizador do código musical estabelecido a partir da notação fundamental. Conhecido
em todo o mundo, o estabelecimento muito tem feito pelo aprendizado da arte,
com ênfase na música, capacitando grandes artistas britânicos e de outras
nacionalidades. Hoje, perante a
Inglaterra e demais nações, o Trinity
College of London é uma espécie de referência-mor naquilo que faz. A sua
influência sobre os grandes musicistas do mundo chega, por vezes, a independer
da passagem por seus bancos escolares. Deste modo, os inglêses George Mlachrino
e Ronnie Aldrich, o canadense Roberto Farnon, o russo André Kostelanetz e ainda
Edmundo Ros, nascido em Trinidad Tobago, todos eles refletiram na música que fizeram
a marca qualitativa desta escola bretã aplaudida e respeitada em todos os
quadrantes.
Um ex-aluno, no
entanto, merece destaque; seja pelo brilhantismo da carreira como violinista,
maestro e arranjador, geralmente associado à sua orquestra de gênero
light, seja pelo fato de o considerarem
"o mais bem sucedido artista na Grã-Bretanha antes de os Beatles”. Falo de Annunzio Paolo Mantovani,
nascido em Veneza,
Itália, numa família de músicos. Seu pai, Bismarck, serviu como concertino da La Scala, orquestra do teatro da ópera em Milão,
sob a batuta de Arturo Toscanini.
O pai chegou a desencorajar o filho para a carreira musical, apesar de tê-lo
ensinado a tocar violino. Com a mudança da família para Londres, em 1912,
quando o garoto já contava 7 anos, Annunzio foi estudar no Trinity College of Music. . Mantovani
trabalhou como diretor musical de inúmeras produções teatrais. Incluindo Pacific 1860 (1946)
de Noel Coward . Trabalhou ainda com o compositor e arranjador Ronnie Binge, que desenvolveu a "cascata de
cordas" de estilo (também conhecido como o "som Mantovani"). A técnica, inspirada pelo eco das catedrais, tornou-se característica da música
Mantovani. Joseph
Lanza descreveu os arranjos de cordas por Mantovani como o mais "rico e
melífluo" a partir do estilo pop de música ligeira durante os anos 1950. Seu estilo sobreviveu e a revista Variety o chamou "o maior fenômeno musical do século
XX." Ele
também se tornou a primeira pessoa a vender um milhão de obras estereofônicas, em 1952.
Por conta de melhores
possibilidades de avaliação por parte do leitor, que não deve ficar limitado ao
texto, peço permissão para indicar um endereço eletrônico no YouTube, onde é
possível ouvir a orquestra de Mantovani em primorosa gravação, cuja qualidade é
indiscutível. O link https://www.youtube.com/?gl=BR não
deixa dúvida. Mantovani - Monn River (One Day Music) (Full Album) é ou não é um
momento de extremo bom gosto musical?
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