Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

terça-feira, 31 de março de 2015

"vaquinha" dos Amigos do Dirceu

"vaquinha" dos Amigos do Dirceu - blog do Augusto Nunes
 Direto ao Ponto        AUGUSTO NUNES 
> A quantia arrecadada pela ‘vaquinha’ dos Amigos do Dirceu é
> dinheiro de troco para o traficante de influência que
> conseguiu ficar ainda mais rico sem sair da
> cadeia Em 16 de 
> novembro de 2013, dia do check-in na Papuda, José Dirceu de
> Oliveira confundiu portão de cadeia com palanque e, a
> caminho dos 68 anos, resolveu incorporar o líder estudantil
> de 68. Para delírio de meia dúzia de milicianos que
> saudavam aos gritos o “guerreiro do povo brasileiro”,
> hasteou o braço esquerdo com o punho cerrado e, caprichando
> na expressão feroz de quem vai dizimar sozinho um pelotão
> de fuzileiros navais americanos, berrou a informação:
> “Eu me considero um preso político”.Como
> assim?, perguntou-se quem não perdeu de todo o juízo.
> Desde sempre, só se enquadra nessa categoria gente
> encarcerada ─ sem o devido processo legal, sem o
> exercício do direito de ampla defesa ─ para refletir numa
> cela sobre os perigos reservados a quem faz qualquer tipo de
> oposição a uma ditadura consolidada ou embrionária. O
> Brasil, convenhamos, ainda não é uma Venezuela que fala
> português, muito menos uma Cuba tamanho família. Mais:
> Dirceu sempre fez parte do grupo que desde janeiro de 2003
> desgoverna o país.Perdeu o
> emprego de ministro em 2005, mas não o status de figurão
> do PT, nem a cumplicidade mafiosa dos companheiros que
> alojou em cargos estratégicos enquanto chefiou a Casa Civil
> no primeiro mandato de Lula. E tampouco foi engaiolado
> arbitrariamente. No julgamento do processo do mensalão, que
> demorou quase sete anos para começar e outros dois para
> chegar ao desfecho, sobrou-lhe tempo para rebater
> acusações e contestar a solidez das provas acumuladas
> contra a estrela do bando.Além de
> advogados que calculam honorários em dólares por minuto,
> Dirceu foi defendido por ministros do Supremo Tribunal
> Federal que estão lá para inocentar bandidos de
> estimação do Planalto. Acabou forçado a hospedar-se na
> Papuda não por crimes de pensamento, mas por corrupção
> ativa. Quem trocou a cama de casal por um catre não foi o
> revolucionário aposentado, ou o guerrilheiro de festim
> diplomado na ilha-presídio, ou o ex-presidente do PT, ou o
> ex-chefe da Casa Civil. Foi o chefe (ou subchefe?) da
> quadrilha do mensalão.Diante
> de tantas e tão contundentes evidências, quantos
> brasileiros ─ além do próprio detento ─ ousariam
> enxergar um preso político num político preso por tratar o
> Código Penal a socos e pontapés? Quase 4 mil, informou em
> fevereiro de 2014 o balanço oficial da “vaquinha”
> online promovida para pagar a multa de R$ 971.128,92
> imposta ao sentenciado pelo STF. As quantias doadas por
> 3.972 “amigos do Zé Dirceu” somaram R$ 920.700. A
> diferença foi coberta por R$ 163 mil extraídos das sobras
> das “vaquinhas” que haviam socorrido os mensaleiros
> José Genoíno e Delúbio Soares.O ator
> José de Abreu, por exemplo, entrou com R$ 1 mil na
> operação concebida para livrar da falência “a grande
> vítima de um julgamento político”. Com a fisionomia
> sofrida de quem não conseguira uma vaga na lista de visitas
> íntimas, alegou que aquela fora “uma maneira de dividir a
> pena com ele”. Em 22 de fevereiro, a página eletrônica
> aberta para a coleta dos adjutórios comemorou o sucesso da
> mobilização: “Juntos, vencemos esta batalha. Ainda há
> outras por vir, certamente. E, juntos mais uma vez, estamos
> prontos para enfrentá-las”. Bingo. A batalha prevista há
> um ano está em curso desde quinta-feira passada.Começou
> com a ruidosa chegada de José Dirceu ao front do Petrolão
> e ninguém sabe quando vai terminar. Mas é improvável que
> haja outra “vaquinha”. Os desdobramentos da Operação
> Lava Jato revelaram que o dono da J. D. Assessoria e
> Consultoria embolsou nos últimos nove anos cachês de matar
> de inveja canastrões de novela. Nesse período, agindo como
> facilitador de negócios, vários deles cobiçados por
> participantes do assalto à Petrobras, o consultor embolsou
> R$ 29 milhões. Para quem junta tal fortuna em tão pouco
> tempo, a multa imposta pelo Supremo é dinheiro de
> troco.Os
> zé-de-abreu acabam de saber que, comovidos com um preso
> político, dispensaram do castigo financeiro o
> multimilionário que conseguiu uma proeza até então só
> alcançada pelos chefões do PCC: ficou mais rico sem sair
> da cela. Entre novembro de 2013 e novembro passado, enquanto
> cumpria pena, JD faturou pelo menos R$ 1,2 milhões. A
> gigante da indústria farmacêutica EMS engordou a conta da
> consultoria com R$ 700 mil. Outros R$ 500 mil vieram da
> construtora Consilux. Até agora, nenhum dos milhares de
> lesados pediu o dinheiro de volta. Nem o beneficiário
> parece disposto a devolvê-lo.A façanha
> transformou o preso político de araque no Marcola do PT.
> Mas a “vaquinha” desempata o duelo entre o traficante de
> influência e o traficante de drogas. Marcola nunca se viu
> homenageado com donativos voluntários. Vai ter de preencher
> a lacuna no prontuário para ser promovido a Zé Dirceu do
> PCC.

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