Já vemos as luzes adornando as silhuetas das árvores e das
edificações, construindo uma Fortaleza Natalina, que mesmo com os aspectos tradicionais de outras plagas, principalmente as estrangeiras, ainda consegue ser sertaneja e litorânea diante das minhas retinas apaixonadas.
Antes de encontrar o Bom Velhinho, com suas barbas brancas e corpo rechonchudo, trazendo no ombro o saco com os presentes, quero dar de cara com o pescador cearense, que traz a rede de pescar nas costas, cheia de sabores marinhos que acostumaram meu paladar com o gosto do litoral Fortalezense, ou com a rendeira, às vezes também redondinha como o Papai Noel, com seus bilros encantados nas mãos, a nos preparar a genuína renda do Ceará, que irá enfeitar de beleza e singeleza, mesas e outros objetos espalhados pelo mundo. Tanto o pescador quanto a rendeira
formam a simbologia do meu Natal, muito mais do que as luzes e os brilhos que pousam abundantemente, por galhos, sacadas e fachadas que anunciam o nascimento e o fim. Afinal de contas estamos fechando mais uma era no mês de Dezembro. O menino Jesus nascendo e o ano se entregando ao encerramento do calendário. Enxergar o vermelho do Papai Noel sem ser mais criança, traz para nós adultos esta universal melancolia, que nos prepara para o momento em que ficaremos de costas para o que passou, olhando para a frente, em futuro que desejamos ser
promissor, assim que os ponteiros deixarem o " dezembrino" dia 31.
Melhor lembrar da simbologia da nossa natividade, aquela que nasce um dia e nunca mais morre. O lugar que nos oferta a tradição, a cultura, os hábitos, as cores, os sons e tudo mais que nos dá a identidade.
Assim é a Fortaleza Natalina, deixou em mim a jangada, a mulher rendeira, o verdejante mar bravio e manso quando quer, o sabor da paçoca com baião de dois e a rede branca pra descansar ou sonhar. Tudo que ficou foi trazido pela criança que fui, pela que sou e pela criança que sempre serei. É ela quem vê o Papai Noel e os enfeites do Natal sem ficar melancólica, pois compreende que a minha cidade é Natalina, por que me deu o berço e mesmo que tenha vindo de fora, foi por esta Fortaleza que construi meus caminhos e nasci para a cidadania.
Feliz Natalina Fortaleza!
Paulo Roberto Cândido
Cadeira 29 da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza-AMLEF
Nenhum comentário:
Postar um comentário