Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

FORTALEZA NATALINA

    Já  vemos  as  luzes  adornando  as  silhuetas  das  árvores  e  das
edificações, construindo  uma  Fortaleza  Natalina,  que  mesmo  com  os aspectos tradicionais de outras plagas, principalmente as  estrangeiras, ainda consegue ser sertaneja  e  litorânea  diante  das  minhas  retinas apaixonadas.
    Antes de encontrar o Bom Velhinho, com suas barbas brancas  e  corpo rechonchudo, trazendo no ombro o saco com os  presentes,  quero  dar  de cara com o pescador cearense, que traz a  rede  de  pescar  nas  costas, cheia de sabores marinhos que acostumaram meu paladar  com  o  gosto  do litoral Fortalezense, ou com a rendeira, às vezes também redondinha como o Papai Noel, com seus bilros encantados nas  mãos,  a  nos  preparar  a genuína renda do Ceará, que irá enfeitar de beleza e singeleza, mesas  e outros objetos espalhados pelo mundo. Tanto o pescador quanto a rendeira
formam a simbologia do meu Natal, muito  mais  do  que  as  luzes  e  os brilhos que pousam abundantemente, por galhos, sacadas  e  fachadas  que anunciam o nascimento e o fim. Afinal de contas  estamos  fechando  mais uma era no mês  de  Dezembro.  O  menino  Jesus  nascendo  e  o  ano  se entregando ao encerramento do calendário. Enxergar o vermelho  do  Papai Noel sem  ser  mais  criança,  traz  para  nós  adultos  esta  universal melancolia, que nos prepara para o momento em que  ficaremos  de  costas para o que passou, olhando para a frente, em futuro  que  desejamos  ser
promissor, assim que os ponteiros deixarem o " dezembrino" dia 31.
    Melhor lembrar da simbologia da nossa natividade, aquela  que  nasce um dia e nunca mais morre. O lugar que nos oferta a tradição, a cultura, os hábitos, as cores, os sons e tudo  mais que  nos  dá  a  identidade.
Assim é a  Fortaleza  Natalina,  deixou  em  mim  a  jangada,  a  mulher rendeira, o verdejante mar bravio e manso quando quer, o sabor da paçoca com baião de dois e a rede branca pra  descansar  ou  sonhar.  Tudo  que ficou foi trazido pela criança que fui, pela que sou e pela criança  que sempre serei. É ela quem vê o Papai Noel e  os  enfeites  do  Natal  sem ficar melancólica, pois compreende que a minha cidade  é  Natalina,  por que me deu o berço e mesmo  que  tenha  vindo  de  fora,  foi  por  esta Fortaleza que construi meus caminhos e nasci para a cidadania.

Feliz Natalina Fortaleza!

Paulo Roberto Cândido
Cadeira 29 da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza-AMLEF

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