Dilma sai para descansar enquanto pensa na reforma ministerial
26/12/2013 12:18
Por Redação - de Brasília
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A presidenta Dilma Rousseff embarcou com a família para a Base Naval de Aratu, próximo a Salvador, nesta quinta-feira. Na companhia da filha, Paula, e do neto, Gabriel, que passaram o Natal em Brasília, Dilma passará o réveillon na Bahia. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, a presidenta deve retornar a Brasília apenas no dia 5 de janeiro. A Base de Aratu tem sido escolhida por Dilma para passar os períodos de descanso por ser uma praia privada.
Durante a semana, a agenda oficial da presidenta teve apenas duas reuniões – com os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Fazenda, Guido Mantega, na segunda-feira, e uma viagem ao Espírito Santo. Na terça-feira, a presidenta sobrevoou regiões capixabas que estão em estado de emergência em decorrência da chuva forte que atinge o Estado desde a semana passada.
Reforma ministerial
Com a viagem a Aratu, Dilma transfere para o início do ano que vem a mudança que realizará em seu gabinete. Ela precisará lidar com as pressões impostas pelas legendas que integram a base aliada. O PMDB busca mais uma cadeira na Esplanada, enquanto o PT reivindica a indicação de um ministro ‘forte’, fora da cota da presidente. Dilma ainda terá que contemplar aliados como os irmãos Gomes no novo governo. Ciro já foi indicado para o Ministério da Saúde, justamente a pasta almejada por petistas.
Na perspectiva da reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff terá que fazer no início de 2014 devido à saída dos ministros para concorrer às eleições, aliados do Planalto já fazem as contas para, se possível, aumentar de tamanho no novo esboço da Esplanada. As substituições ministeriais devem ocorrer em pelo menos 10 pastas. O PMDB, maior partido aliado, por exemplo, quer manter as cinco pastas que tem e ainda ser contemplado com mais um ministério. Embora controle 14 pastas na Esplanada, o PT também elevou as pressões sobre o Planalto nos últimos meses.
Na mira dos peemedebistas está na Integração Nacional, deixada pelo PSB quando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, rompeu com o Planalto para disputar as eleições presidenciais no próximo ano. O PMDB espera que Dilma nomeie o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). A pasta também cobiçada pelo PROS que pretende indicar o ex-ministro Ciro Gomes (PROS-CE), caso não consiga ocupar o Ministério da Saúde. Ciro já ocupou o cargo no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os peemedebistas esperam que a acomodação de Ciro Gomes no novo ministério de Dilma Rousseff seja feita em alguma pasta controlada pelo PT. Caso tenha que abrir mão de algum dos ministérios que controla, o PMDB tem ventilado a possibilidade de entregar a Dilma o Ministério do Turismo, hoje nas mãos do ministro Gastão Vieira (PMDB-MA), que deverá deixar a pasta para disputar a reeleição para deputado federal.
Ciro e seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, mantiveram-se fiéis ao Planalto após a debandada dos socialistas, deixaram o PSB e filiaram-se ao PROS. A intenção da presidente é contemplá-los com um bom cargo, com uma relevância bem maior do que a pasta do Turismo.
A ideia de que os irmãos Gomes devem ser incluídos na reforma é endossada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso a Integração Nacional acabe mesmo ficando com o PMDB, o governo tende a buscar outro ministério com bom orçamento para Cid e Ciro. Além da Saúde, outra alternativa ventilada é o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ficará vago com a saída de Fernando Pimentel, para disputar o governo de Minas Gerais.
No PROS a ordem é esperar o que a presidente tem a oferecer. No entanto, nos bastidores, líderes da legenda dizem esperar pelo menos duas pastas: uma para afagar os irmãos Gomes e outra para o partido.
Eleições à vista
O PMDB controla também atualmente os ministérios da Agricultura, das Minas e Energia, da Previdência e a Secretaria de Aviação Civil (SAE). Para a Agricultura, pasta que será deixada pelo atual ministro Antônio Andrade (PMDB-MG), que disputará a reeleição de deputado federal, o PMDB pretende indicar outro mineiro para o cargo, o deputado federal Silas Brasileiro (MG).
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), deverá permanecer no cargo. Ele desistiu de se lançar candidato ao governo para apoiar a candidatura de Luis Fernando Silva, ex-prefeito de São José de Ribamar e atual secretário de Infraestrutura do governo do Maranhão. Apadrinhado pelo clã dos Sarney, Silva foi escolhido pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney, para disputar sua sucessão. A tarefa é inglória, pois o atual presidente da Embratur, Flavio Dino (PCdoB) – que deixará o posto para se candidatar ao governo maranhense – é o franco favorito nas pesquisas de intenção de voto naquele Estado.
Ainda não está definido se o ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN), sairá da pasta. A cúpula do PMDB tenta convencê-lo a se lançar candidato ao governo do Rio Grande do Norte, dentro da estratégia definida pela executiva do PMDB de ter o maior número de candidatos ao governo nos estados. No entanto, este não é o desejo do ministro, que é senador e ainda tem mais quatro anos de mandato. O ministro Moreira Franco (PMDB-RJ) não disputará eleição e deverá permanecer no comando da SAC.
Em silêncio, até agora, Dilma Rousseff emitiu um único sinal sobre a reforma. Em café da manhã com jornalistas, fez questão de demonstrar que o ministro da Fazenda, Guido Mantega deve permanecer no cargo até o final deste ano.
– O ministro Guido está perfeitamente no lugar onde ele está – disse Dilma diante das especulações de saída de Mantega.
A presidente também fez questão de dizer que a reforma ministerial ainda não está desenhada e que, somente no final de janeiro, as trocas começarão a ser feitas. Dilma disse que espera concluir a reforma até o carnaval. Aliados de todos os partidos dizem que a presidente também não chamou para conversar sobre o assunto. Mesmo assim, as articulações já existem e levam também em consideração os apoios do governo para aliados nas composições das chapas estaduais.
As especulações também atingem a Casa Civil, de onde a ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) sairá para disputar o governo do Paraná. Um dos nomes para substitui-la continua sendo o do ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT-SP). No meio do ano, a indicação chegou a ser dada como praticamente certa, principalmente quando o petista atuou como negociador do Planalto junto ao Congresso para aprovar a destinação de parte dos royalties da produção de petróleo para a Educação.
No entanto, a atuação de Mercadante chegou a causar constrangimento às ministras Gleisi e Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), dissipando a certeza em torno da nomeação. Agora, outro nome que aparece na lista de opções é o de Carlos Eduardo Gabas, atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, para a Casa Civil. Gabas é um nome de confiança e amigo da presidente e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também tem atuado nas conversas.
Caso Mercadante deixe de fato o Ministério da Educação, a pasta também passará por uma troca de comando. De acordo com petistas, uma solução possível seria nomear a atual ministra da Cultura, Marta Suplicy, para o cargo.
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