O PERDÃO
Sylvia Leão
Faltam cinco dias!
O Pequenino Eterno se esconde no Ventre feminil do tempo,
quase amadurecido.
A natureza ainda borda com o humano cerzir
as vestimentas do Invisível.
O Logos se amolda em um corpúsculo infante
e a ressurreição é contida
em centímetros de manjedoura.
Será à noite, suponho...
E a Peregrina bendita já se põe a gemer
no parto comum- o do Mistério.
Tal todo primogênito escapulido das entranhas,
Ele nasce para o mundo
espantado, faminto e frágil!
Os arfares da Virgem parturiente
agitam as mulheres da vizinhança,
que acodem com cuidares comuns
o Incomum.
A água quente, as faixas, as toalhas limpas
são acalmadas, após os suores e as forças,
da santa expulsão- tão natural!
Da placenta do eterno
O perdão resplende, enfim,
naquela miúda Face-
sempre tão esquecida
das nossas traquinagens
no tempo!
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